Depois de uma década fechado, de muitas reclamações de produtores e artistas, e até de vigílias em defesa de sua reabertura – como as chamadas viradas culturais – o Teatro do Parque finalmente está de volta. Os trabalhos de restauração foram concluídos e a tradicional casa de espetáculos é uma riqueza só, ao readquirir suas características arquitetônicas datadas do início do século 20. Mais precisamente de 1929. É que o Parque tem 105 anos, mas após as prospecções escolheu-se aquele ano como referência para a requalificação, por ter sido nele que Parque ganhou status de cine-teatro.
O Teatro volta em grande estilo. Além da restauração e da modernização de seus equipamentos cenográficos, o único teatro jardim do Nordeste está brindando o Recife a partir do dia 11 de dezembro, quando reabre para o público. É que naquela sexta-feira, haverá um concerto da Banda Sinfônica do Recife. No sábado (12), ocorrerá exibição de filme, enquanto no domingo (13), haverá apresentação de espetáculo teatral.
“Nos próximos dias, a Secretaria de Cultura e a Fundação de Cultura Cidade do Recife, lançarão o edital de ocupação da pauta do teatro, que, aos 105 anos de idade, vai poder voltar a contar e ostentar toda a beleza de sua história e arquitetura, sem ter nenhum de seus capítulos cobertos por tinta, descaso ou gesso”, informa a Prefeitura. O trabalho de restauração não foi fácil. Exigiu não sou a retirada de camadas sucessivas de tintas das paredes seculares, como também a fabricação de peças especialmente para o Teatro do Parque e até compras em leilões e antiquários.
O Teatro do Parque possui 800 lugares. E segundo a Prefeitura, do ponto de vista técnico, tornou-se das mais bem equipadas casas de espetáculo da capital pernambucana, com maquinário cênico de última geração, climatizado, com acessibilidade para pessoas com dificuldade de locomoção ou deficiência, câmeras, sistema e cortina de prevenção contra incêndio. Um dos únicos teatros-jardim do Brasil, o Parque ganhou ainda um projeto de paisagismo especial e convidativo ao público. Além de ser um espaço que promoverá o encontro de pessoas, o jardim do Teatro será uma extensão do palco, podendo ser cenário para apresentações ao ar livre.
Vamos torcer, agora, para que o próximo gestor tenha sensibilidade e trabalhe a revitalização da área do entorno do Teatro do Parque, como Rua do Hospício, Imperatriz e Praça Maciel Pinheiro, já que a área está em franca decadência. E que, ao contrário da atual gestor, o próximo não ignore o Hotel do Parque, que integrava o conjunto turístico e cultural, quando foi implantado há mais de um século. Na última vez em que estive no centro, o prédio do velho hotel estava fechado, pois a loja de eletrodomésticos que ali funcionava não resistiu à pandemia. Mas deixou o local não sem antes ter descaracterizado por completo o edifício térreo do prédio histórico como, aliás, é comum no Recife sem que os órgãos competentes nada façam para coibir a poluição visual e as reformas indignas desse nome.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Andréa Rego Barros/ Divulgação / PCR
