Secular, Mercado da Boa Vista está repaginado

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Um dos mais populares mercados públicos do Recife – e ponto obrigatório de encontro da população aos finais de semana – o Mercado da Boa Vista está de cara nova. Com 63 boxes e nove bares, ele recebeu R$ 3 milhões em investimentos e foi entregue nessa quinta-feira pelo Prefeito João Campos (PSB), totalmente repaginado. As obras incluíram a pintura geral da estrutura em tons alaranjados, grafitagem em pontos do estabelecimento e também no beco que fica ao lado da unidade. Foram feitos novos sistemas de esgotamento sanitário e de drenagem de águas pluviais, além da recuperação da cobertura e nivelamento de todos os pisos internos.

As luminárias foram substituídas, cabos de telefonia foram embutidos e as paredes do entorno do pátio ganharam revestimento em cerâmica. Também foi instalado um bicicletário, além de novas placas de sinalização dos acessos, boxes e banheiros. O novo mobiliário – cadeiras, mesas e ombrelones – será entregue em uma parceria com a iniciativa privada. Já era tempo do mercado ganhar uma reforma. Estive lá pela última vez antes da pandemia, e as instalações estavam muito precárias.  Até mesmo chegar nele era difícil, pois as calçadas eram totalmente esburacadas. Mas elas foram beneficiadas com o Programa Calçada Legal, que também abrange áreas próximas, como a Rua Velha e o Pátio de Santa Cruz.  As calçadas da frente do Mercado foram recuperadas com o uso de pedra mineira e aplicação de soluções de acessibilidade, como a instalação de rampas. Além disso, o trecho da Rua de Santa Cruz que corresponde à área frontal do espaço ganhou uma travessia elevada, garantindo o acesso seguro e maior qualidade no tráfego não motorizado.

O Mercado da Boa Vista merecia mesmo um “banho de loja”, como diz a gíria.  Como também precisa o da Madalena, cujas obras são intermináveis, apesar de já ter consumido tubos de dinheiro. E também as necessitam o Mercado de São José, o mais  antigo deles.  O Mercado da Boa Vista é secular, tradicional e cheio de história, embora algumas de triste memória. É que nele funcionou um mercado de africanos escravizados, que chegavam a ser chicoteados no local onde hoje é o compartimento número 1. O Mercado também já funcionou como estrebaria e até como cemitério da capela que viria a ser depois a Igreja de Santa Cruz. O Mercado é conhecido pela gastronomia regional – serve café da manhã, almoço e jantar – e é procurado não só por nativos como por turistas. É ponto de encontro de agremiações carnavalescas entre janeiro, fevereiro e março. Durante os dias de carnaval, é o mais festivo dos mercados públicos do Recife. E também fica movimentado na quarta-feira de cinzas, quando orquestras de frevo vão às ruas com o Bacalhau na Vara.

Outra novidade que levou mais vida e cor para o Mercado foi a chegada do programa Colorindo o Recife, que é desenvolvido pela Secretaria Executiva de Inovação Urbana e consiste numa política pública de arte urbana que está transformando o Recife numa grande galeria de arte a céu aberto. O equipamento acaba de ganhar uma série de intervenções urbanas desenvolvidas pelo artista Francisco Bonny, que foram inspiradas no movimento armorial retratando o cotidiano e a cultura popular do nordeste brasileiro, e que já estão disponíveis para visitação. De maneira inédita, as obras de arte estão espalhadas em tampas situadas no chão do mercado que serviram como telas, formando um conjunto de pequenos quadros. Bonny também criou, na lateral do Mercado, um mega mural em homenagem aos artistas que frequentavam o local, como o próprio Ariano Suassuna, Erickson Luna e Miró.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Rodolfo Loepert /  Divulgação /PCR

 

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