“É sempre uma luta, pois fico tentando fazer tudo certinho, do jeito que tem que ser. Meu show não é caro, mas é sempre uma luta e quando a coisa está complicada, às vezes prefiro ficar na rede, tocando para minha neta”. O desabafo é de Genaro, ex integrante do Trio Nordestino, discípulo de Dominguinhos e autor de cerca de 800 músicas. O sanfoneiro reclama da indiferença das autoridades com o autêntico forró pé-de-serra e da dificuldade de encaixar o ritmo tradicional nas programações juninas.
Reclamações semelhantes também têm surgido em estados conhecidos pelas grandes festas juninas, como é o caso da Paraíba, que se orgulha de fazer “o maior São João do Mundo” (via Campina Grande) disputando o título com Pernambuco (via Caruaru). E esse problema não é de hoje. Lembro-me que quando trabalhava em um jornal de circulação nacional, nos meus tempos de correspondente no Nordeste, fui fazer uma reportagem sobre os festejos juninos em Caruaru, a 130 quilômetros do Recife. Foi uma decepção.
O fotógrafo que me acompanhava, Hans Von Manteuffel (ambos éramos do jornal O Globo, do Rio), quase voltava sem bom serviço feito. Pois apesar da festa ser grande, era tão descaracterizada no palco no Pátio do Forró que nem de longe lembrava um autêntico arraial junino. Pois nessa terça-feira (4/6) sanfoneiros de várias regiões fazem um protesto em frente à Assembleia Legislativa, para chamar atenção justamente para esse problema: a indiferença das autoridades com o autêntico forró pé de sera.
O protesto está sendo organizado por produtores culturais, músicos e cantores para preservar o o ritmo raiz e tão saudosamente disseminado por nomes como Luiz Gonzaga e Dominguinhos. E acontece a partir das 14h, na Rua da União, quando será deflagrado o “Movimento em Defesa dos Sanfoneiros e Trios Pé de Serra”. No protesto, os sanfoneiros entregarão uma carta aos deputados estaduais pedindo apoio para a categoria, e que eles sensibilizem prefeitos para que valorizem o forró tradicional já que essas autoridades, em sua maior parte, preferem pagar cachês milionários a cantores que pouco têm a ver com a rica cultura regional do Nordeste.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: PCR / Acervo #OxeRecife
