Rotina de medo (com 21 assaltos) ronda vida dos ciclistas no Recife. Cadê a segurança pública?

Pedalar sem medo. E pedalar é fundamental, pois além praticar um saudável exercício físico, quem anda de bike está contribuindo não só para a fluidez do trânsito (reduzindo o número de automóveis nas ruas) como para deixar mais leve o ar que se respira (ajudando a reduzir o aquecimento global). Mas andar de bike no Recife virou um ato de coragem. A insegurança é muito grande e já motivou até protesto de ciclistas, como ocorreu na última terça-feira (foto acima). É que a cada dia se tornam mais frequentes os relatos de assaltos violentos contra ciclistas. Entre o final do ano passado e começo de 2023, já somam 21 na cidade. Sendo que quase 86 por cento foram contra mulheres.

Pior. Os marginais não poupam nem mesmo os ciclistas em grupo, fato que teoricamente seria mais seguro. Mas nem assim, a população está livre de abordagens violentas. “Ontem (terça-feira,10), teve um ato de bicicletada, e um grupo de ciclistas foi abordado por um homem de facão, na Avenida Guararapes”, lamenta Vanessa Bahé, referindo-se a uma das mais famosas vias do centro da cidade. Vanessa (ver vídeo abaixo) é uma das vítimas daquele tipo de assalto, que aumentou muito a partir de dezembro do ano passado. Ela foi atacada por um homem a bordo de uma moto. Como decorrência do ato violento, está internada em hospital, aguardando cirurgia.

Para ciclistas, a alternativa contra a violência é circular em grupo. Mas nem sempre é possível

Nesta semana, ficou famoso o caso de Pietra Alcântara, publicitária atacada por marginal quando pedalava, na Rua Padre Roma, perto da Praça Fleming, no bairro da Jaqueira. A violência ganhou as emissoras de TV e redes sociais. Pietra também foi abordada por um marginal de moto, que puxou a alça da bolsa. Pietra desequilibrou, caiu e meteu o rosto no asfalto, ficando desacordada. Foi socorrida e levada ao Hospital da Restauração, mas quando acordou estava tão confusa que não reconheceu nem o noivo. Vanessa por sua vez foi assaltada no domingo. “Foi por volta das 20h30m, na Rua Gomes Pacheco, no Espinheiro”, diz. E relata como o marginal agiu. “Ele se aproximou, de moto, e puxou a alça de minha pochete pelas costas, mas não conseguiu levar. Ele achava que ia romper a alça mas não conseguiu”.

Com a queda, Vanessa se machucou. E feio: “Com o puxão, fui ao chão, e tive fratura exposta no cotovelo”, lamenta.  Vejam só o transtorno. “No momento, estou no hospital aguardando cirurgia”. Para exigir segurança, integrantes de entidades como a Associação Metropolitana de Ciclistas do Recife, a Bicicletada / Massa Crítica,  a Bicicletílicas, a Cicloação, a Enxame e a Recife Bicipolo realizaram protestos na noite da terça-feira. Com cartazes, os ciclistas ocuparam a Praça do Derby, para exigir segurança inclusive para as mulheres, as mais atacadas pelos marginais. De acordo com Ameciclo,  entre 2013 e 2022, o número de mulheres pedalando na cidade aumentou 60 por cento. E, pelo visto,  são elas o alvo principal dos bandidos.  No protesto da última terça, os apelos feitos em cartazes: “Segurança no  pedal”, “Cidade segura, ciclista seguro”, “Pedalar sem medo”, “Deixa as minas pedalar em paz”, “Segurança para mães no pedal”. Enfim: “Paz no pedal”. Será que é pedir muito? “Na verdade, a insegurança da cidade de forma geral é insuficiente”, reclama Vanessa.

Coordenadora da Ameciclo, Gaia Lourenço informa que está sendo feito um mapeamento dos assaltos, para comunicar o problema formalmente à Secretaria de Defesa Social. Dos 21 casos computados, quase todos são contra as mulheres (três contra homens). “O que chama a atenção agora é o fato de não ser um caso isolado, mas um comportamento padronizado, que deveria servir para a polícia investigar e interromper a ação dessa quadrilha”, afirma Gaia. E o desalento: “Mas as autoridades parecem que não estão dando atenção para os casos”. Com a palavra, a SDS e a Prefeitura. Veja o vídeo da agressão contra Vanessa Bahé, que precisa fazer cirurgia, por conta de queda da bike, provocada por assaltante:

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos e imagens: Redes sociais da Ameciclo,  Câmeras de segurança e Acervo #OxeRecife

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