“Salão nobre não é depósito”. Foi esse o comentário que ouvi, na noite de terça-feira, quando estive na Câmara Municipal, para prestigiar o lançamento do livro de um grande amigo. Por acaso a noite de autógrafos aconteceu no chamado Salão Nobre do Palácio José Mariano, onde trabalham nossos vereadores. Mas de salão nobre, o espaço só tem mesmo o nome. Infelizmente.
É que o local onde aconteciam no passado as sessões da Casa transformou-se em uma montanha de entulhos. Há os móveis escuros e clássicos (jacarandá?) nos quais se sentavam os representantes da Mesa Diretora. Eles ainda estão lá. Mas por trás dessa mobília antiga, o que se vê são tralhas para todos os lados. Cadeiras viradas, tapetes velhos enrolados, pedaços de fórmica, caixas de papelão, molduras velhas, mesas e cadeiras de pernas para o ar. Tudo amontoado. Uma situação constrangedora.
Uma amiga minha até comentou o olhar do patrono da Casa, vendo aquela bagaceira toda. Disse que se a Câmara Municipal fosse presidida por uma mulher, provavelmente estaria melhor cuidada. Sinceramente, atribuir ao salão nobre de uma instituição o mesmo papel destinado a sótãos, porões e garagens é uma falta de demonstração de amor à Casa, onde o poder legislativo do município se abriga. O edifício, datado de 1920, foi construído originalmente para sediar uma escola, mas passou a abrigar a Câmara dos Vereadores ainda no século passado.
O salão nobre me lembrou aquela casa do cachorro, de fundo de quintal em que, na ausência do animal, é geralmente ocupada pelas tralhas de uma residência. Imaginem se os salões nobres do Palácio do Campo das Princesas (sede do governo estadual), do Teatro Santa Isabel ou da histórica Faculdade de Direito fossem transformados em depósitos de entulhos. Os três são sistematicamente alvos de visitas guiadas, e atraem a atenção não só dos recifenses como dos turistas. Se vocês vissem um salão nobre dessas instituições nas condições do da Câmara, o que vocês diriam? Também observei degraus com pedaços faltando na escadaria, o que representa um risco de queda para os vereadores e para o público, que não tem culpa do descaso dos seus representantes para com aqueles que os elegeram. Perguntar não ofende: Será que quem não cuida da própria casa está preocupado com o destino da cidade? Acorda prá Jesus, meu povo. Oxe, Recife!
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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife
Essa despreocupação vagarosa geralmente vem de desastrosa administração da presidencia em questão conjugada ao diretor. há de se ter Visão atual, visão de líder.. de organização. Ficou para tras a ideia de que órgãos públicos, principalmente Câmaras Municipais devem conservar mobílias velhas e guardar cacarecos. O arquivo deve ser limpo somente com objetos que ajudarão no desenvolvimento dos trabalhos. A papelada agora se transforma em digital… Mobílias e objetos velhos é só catalogar tudo e ir devolvendo à Prefeitura. Uma Câmara clean mostra organização e respeito.
As Câmaras Municipais recebem o repasse do duodécimo no início de cada ano e no decorrer dos 12 meses, vai desembolsando essa grana (que não é pouco) com pagamentos de contas, subsídios e salários. No final de cada ano, é comum as Câmaras devolverem às Prefeituras o dinheiro da sobra desse duodécimo, (dinheiro que não usou). Geralmente os valores devolvidos ficam na casa dos R$ 100, 200, 300 mil reais (dependendo o tamanho da Câmara). Mas esse mesmo valor, poderia ser usado (nada impede) na restauração, reforma e modernização do prédio que abriga as Casas de Leis. O prédio em questão é lindo. merece que se preserve , mas isso só será feito por uma administração (presidência) de olhar empreendedor.