Localizado no coração do bairro de Afogados e projetado no final da década de 30 do século passado por ninguém menos que o paisagista Roberto Burle Marx (1909 – 1994), o Largo da Paz perdeu há muito a pompa dos tempos em que ali funcionava um efervescente comércio e serviços de lazer, como cinemas.
Em frente à Igreja de Nossa Senhora da Paz – datada do século 19 – o Largo não conta nem mesmo com a vegetação original, ali implantada pelo paisagista. De acordo com o livro Burle Marx e o Recife, o espaço tinha um bosque livre que fazia contraste com as áreas de clareira, e que era formado por carolina, visgueiro, lanterneira, flamboyant e mangueira. Destes, só restam a carolina e a mangueira.
As outras espécies que lá constam hoje foram introduzidas posteriormente, como o abricó-de-macaco, que não deixa de ser uma bela árvore. O problema é que o Largo tem duas árvores degoladas que não tiveram reposição, está sujo e mal cuidado. E da sujeira não escapam nem mesmo o cruzeiro e nicho, que ficam em frente à igreja. Além de não cuidar do Largo – como aliás de todo o bairro – a Prefeitura ainda substituiu as luminárias anteriores pelas de LED, totalmente sem estética.
Elas a até parecem cuias viradas e escurecidas de queijo do reino. Um horror. O gramado já se foi, e o que se vê é o barro à mostra, com o verde pisoteado e quase morto. No piso, as calçadas de pedras portuguesas estão quase soltando, acarretando risco de queda para os pedestres. Como se não bastassem os canteiros precisando de limpeza e pintura, a Praça está tomada por moradores de rua que contribuem para que ela fique ainda com aspecto mais decadente, pois o que não falta são roupas e trapos espalhados por todos os lugares. Este não é o único jardim histórico que tem a assinatura do paisagista que precisa de reparos. Estive no local juntamente com u grupo Bora Preservar para uma caminhada pela região. O Recife tem 15 jardins históricos, dos quais seis são tombados pelo Iphan.
Abaixo, você confere outras informações sobre Afogados, Burle Marx e Grupo Bora Preservar.
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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife