Presos que estudam ou trabalham são quantos em PE?

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Errar é ruim, mas é humano. Agora, persistir no erro é pior. Porém é o que acontece, na maioria das vezes, com pessoas egressas do sistema penitenciário. Alguns voltam à marginalidade até mesmo no regime semi aberto, já próximo de ganhar a liberdade definitiva. Ops… definitiva, nem sempre. Pois muitos voltam a ficar atrás das grades por  prática de novos delitos. Ou seja, incorrem em novos crimes, ou nos mesmos praticados antes.

E isso acontece, porque muitos retornam ao convívio da sociedade sem perspectiva, sem profissão sem saber o que fazer. Porém conheço vários apenados que tomaram jeito. Já entrevistei pistoleiro de aluguel, estelionatário e assaltante que conseguiram aprumar a vida depois que saíram da cadeia. Mas foi lá dentro, na sucursal do inferno, que começaram a mudar. Lendo, estudando, trabalhando. O importante é descobrir um caminho, o que não é fácil se não forem construídas oportunidades para o retorno à liberdade.

Em Olinda, educandos do sistema prisional atuaram nos morros durante o inverno.

Também já tive oportunidade de ver educandas da Colônia Penal Bom Pastor cumprirem a pena com promessa de emprego ao sair da cadeia. E foram se empregar em firmas para as quais trabalhavam enquanto detentas, sem que tenham voltado aos delitos anteriores.  Boa parte da população prisional é analfabeta o que torna difícil, também, encaixá-las no mercado de trabalho. Pernambuco tem população carcerária de 34.491 pessoas. O #OxeRecife solicitou à assessoria de imprensa da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos números exatos a respeito do problema. Qual a população carcerária do Estado, qual percentual de analfabeto, quantos estudam e quantos trabalham.

Mas até o momento de fechar esse post, zero resposta. Sei não… mas às vezes tenho a impressão que as assessorias de órgãos públicos atuam devagar, quase parando.  Não são poucas as que acontecem esse tipo de omissão, quando a função delas é informar. E informar direito. E não pela metade. Mas pelo que sei, os números de educandos trabalhando ou estudando não é grande.  O resto fica no ócio, aprendendo o que não deve pois como se costuma dizer muitas vezes, o sistema penitenciário funciona como “uma escola de crime”. Mas também há a exceção da regra.

Nesta semana,  22 pessoas privadas de liberdade (PPL’S) concluíram o curso fundamental por meio do Ensino de Jovens e Adultos (EJA). Elas pertencem ao Presídio Desembargador Augusto Duque (PDAD), que fica no município de Pesqueira, a 215 quilômetros do Recife. Os estudos foram realizados na Escola Estadual Professora Odete de Andrade Alves, localizada na própria unidade prisional. O orador da turma fez questão de citar o educador Paulo Freire. “Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo”.

“Educação e trabalho modificam o ser humano e no sistema prisional essa máxima não é diferente”, respondeu Pedro Eurico, titular da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do Estado., durante a cerimônia de formatura. De acordo com a diretora da escola, Ana Maria Cordeiro, mesmo durante a pandemia, os alunos recebiam atividades escolares. “Mandávamos material para que eles fizessem e a participação foi de 100%”, explica. Durante a cerimônia de encerramento, os educandos receberam o certificado de conclusão.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Divulgação /SJDH

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