Faz tempo que não vou à praia. Um mês, e isso para mim é uma eternidade. Foram domingos seguidos de chuva. Depois, uma cirurgia (para enxergar melhor). E, agora, um dedinho fraturado no pé, após uma topada. Mas espero voltar na próxima semana. E tomara que ela esteja realmente mais limpa. Informa a Prefeitura que lançou no último domingo a vigésima edição do Projeto Praia Limpa, que pretende distribuir nada menos de 800 mil sacos de plástico aos banhistas, que ficam consumindo na areia. O problema, pelo que observei nos anos anteriores, é que muita gente enche os sacos de lixo e deixa o “pacote” na praia. Depois, vem o mar, e leva tudo. Quando enche, o lixo volta para a areia.
Acho que a Prefeitura bem que poderia utilizar os fiscais da areia – aqueles que monitoram a higiene dos barraqueiros – para ficar de olho nos porcalhões. Isso sem custo adicional para os cofres públicos. Se eles já estão lá, não custa nada apertar os “infratores”, que não cuidam de suas áreas. Isso porque, além dos banhistas porcalhões, há os barraqueiros que também atiram sujeira na areia. E o que é pior, em grandes quantidades. E são sempre os mesmos que o fazem. Então devia ser assim: notificação, multa, cassação da licença. Pronto. Queria ver a sujeira continuar. Doeu no bolso, todo mundo muda de comportamento. Vou ficar de olho. Acho, também, que os próprios barraqueiros deveriam ser treinados, para que funcionem como agentes educativos. Viu o cliente sujar, vai até lá para reclamar. Com jeito, claro. Conheço uns ambulantes que sujam tudo. Mas conheço outros que não deixam o cliente jogar uma casquinha de camarão no chão. Viva para estes.
O Praia Limpa é uma parceria entre a Prefeitura do Recife (por meio da Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana – Emlurb) e a TV Globo. E segue até fevereiro, quando termina o verão. Segundo as instituições envolvidas, o projeto tem “o objetivo de sensibilizar os frequentadores da orla a não jogar lixo de forma errada e a manter o ambiente limpo”. Ao meu ver, no entanto, distribuir o saquinho, só, não dá resultado. Tem que conversar com o pessoal da praia, conscientizar. E também convencer os barraqueiros, para que fiquem de olho nos clientes. O plástico distribuído é “oxiobidegradável”. Menos mal. O programa conta com 40 monitores, todos familiares dos barraqueiros da orla, como orientadores e incentivadores do projeto.
Além disso, houve também a instalação de 120 lixeiras de 100 litros, a cada 50 metros de praia. As anteriores tinham capacidade inferior à demanda. As novas, só ficando na praia, para avaliar. Vamos ver como se comportam. No Praia Limpa, a Emlurb atua com um contingente de cerca de 100 profissionais que cuidam da limpeza da orla de Boa Viagem e do Pina,” com equipes que se dividem entre os serviços de fiscalização, varrição e limpeza”. A coleta regular, que remove o lixo recolhido pelos garis e também o produzido pelos quiosques, acontece uma vez por dia. Mas de acordo com a Emlurb, a varrição é realizada três vezes por dia. Já à noite, dois equipamentos específicos executam a limpeza da faixa de areia, removendo os detritos localizados em uma profundidade de até 20 centímetros. Conforme a Emlurb, a área conta também com 253 lixeiras distribuídas por toda a extensão da avenida e mais 120 contenedores com capacidade para 240 litros, dispostos entre os quiosques. Vamos aguardar o verão para ver se a praia estará realmente limpa. Espero que sim.
Texto e foto: Letícia Lins / #OxeRecife