Por acaso isso é uma calçada?

Sinceramente, não sei quem está errado. Se o cérebro de jumento que inventou essas tampas duplicadas (triplicadas  ou até quadruplicadas) de galerias pluviais que empestam nossas calçadas, ou se o poder público municipal, que as deixa em situação tão deplorável. Como caminhante que sou, fico impressionada com as armadilhas em que elas se transformaram em nossas ruas. E passei a prestar mais atenção nessas tampas, depois que vi uma dupla ceder, na Avenida Dezessete de Agosto, provocando lesões tão graves em um pedestre que ele precisou ser socorrido pelo Samu.

E a tampa nem estava tão ruim, mas quando ele pisou, a dupla cedeu no meio, e ele ficou com a perna presa. A dor foi tão grande, que o homem precisou da ajuda de outros pedestres para ser retirado do local. Ele ficou com a perna afundada na água suja,  foi ajudado por populares para sair do buraco, enquanto aguardava a chegada do socorro. Como ando muito e percorro demais nossas calçadas, observo que cerca de 90 por cento dessas tampas estão em péssimas condições: partidas, com ferragens expostas ou mesmo afundadas. Quando elas estão inteiras – o que é muito raro – encontram-se desniveladas. E haja cuidado, porque o risco de tombo é em todos os lugares.

Calçada na esquina da Rua do Marques com Flor de Santana: armadilha para pedestres, no bairro do Parnamirim

Em praticamente todos os bairros, elas estão lá: Casa Amarela, Casa Forte, Parnamirim, Monteiro, Boa Vista, Boa Viagem, Macaxeira, Nova Descoberta, Jardim São Paulo, Apipucos, Dois Irmãos. Por onde se vai, a armadilha está no caminho. Desde que assisti ao acidente, gravíssimo, passei a prestar atenção maior nas caminhadas, assim como a evitá-las. Ou seja, procuro não pisar nas tampas. Mas em alguns bairros do Recife – como Casa Amarela – há galerias em série com essas tampas que tomam toda a largura da calçada, não deixando, portanto, nenhum espaço para o pedestre andar em segurança.

Equipamentos frágeis como estes são um desrespeito ao cidadão, que tanto sua para pagar seus impostos e ter direito a uma cidade digna, pelo menos para se andar. Nas minhas caminhadas, passei a advertir os pedestres quanto ao risco que elas representam. Quando vejo um homem ou uma mulher pisando despreocupado nessas placas de cimento que parecem terem sido feitas de areia, aviso do perigo. Aconselho a pisar em um chão mais firme. Porque já observei que muita gente nem repara e pisa justamente nelas. Em uma dessas vezes, vi  a tampa ceder um pouco, e uma senhora chegou a torcer o pé, felizmente, sem gravidade. Se vocês olham os dois exemplos dessas fotos, dá para perceber os motivos de minhas preocupações. Peço, portanto, que previnam os pedestres, caso os vejam pisando no perigo, já que o poder público não cuida disso.

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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife

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