O serviço de requalificação da Avenida Norte vem mesmo dando o que falar. E um dos alvos da crítica é justamente o canteiro central, intransponível para pessoas idosas ou com dificuldade de locomoção. O pedestre que precisa atravessar a via, vindo da BR-101, também tem que andar muito, porque não há sinalização horizontal para a travessia, entre a rodovia federal e o trecho da avenida, próximo ao Parque Urbano da Macaxeira. Faixa de pedestre por ali? Nem pensar.
Nas redes sociais e em mensagens ao #OxeRecife, não são poucas as pessoas que questionam a obra. “Dependendo do local que o pedestre estiver, pode andar mais de um quilômetro para chegar ao seu ponto final”, reclama Vandson Holanda, Coordenador do Instituto Casa Amarela Saudável e Sustentável (Icass). “Como crianças, cadeirantes, gestantes e idosos vão se deslocar?”, indaga. Afirma que a iluminação central “será para veículos e não para pessoas nas calçadas”.
O #OxeRecife testemunhou a dificuldade do idoso Aderbal Andrade da Silva, 81, para chegar ao Parque Urbano da Macaxeira. Ele só conseguia descer do canteiro central, apoiando-se em gelos baianos. Para o jornalista Ricardo Carvalho, a obra é “um absurdo urbano, que se faz com a cidade”. Felipe Figueiredo foi outro que tomou um susto, ao ver a dificuldade de idosos em “escalar” o novo canteiro central, apelidado pelos moradores de muro de Berlim (referência à muralha de mais de três metros de altura, que dividia a Alemanha em duas entre 1961 e 1989). O canteiro tem 40 centímetros de altura, bem mais alto que calçadas convencionais. “As pessoas estão parando o trânsito, para que os idosos possam atravessar”, afirma Felipe. E acrescenta: “Uma senhora se sentou no muro, quase vira na Avenida e funcionários do comércio entraram na pista para ajudar. Isso não é rodovia, mas um absurdo”.
Ciclista e dono de empresa de turismo La Ursa Tours, Roderick Jordão acha que a obra “virou uma piada” e acusa o poder púboico de, “em se tratando de mobilidade, só faz coisa ruim” no Recife. Leitora do #OxeRecife, Helena Amaral também questiona: “Cadê os técnicos? Tanto dinheiro gasto. É sempre assim”. As principais reclamações quanto à obra, na Zona Norte são: a altura do canteiro central, a falta de árvores, escassez de faixas e sinalização para pedestre, iluminação deficiente nas calçadas ao longo dos nove quilômetros de extensão da via. A gritaria está tão grande que em reunião realizada na semana passada, o Icass decidiu pedir à Prefeitura que “os moradores sejam consultados através de suas entidades representativas, antes de um projeto ser executado”. O Icass fez até uma enquete, postando imagens da obra oficial e aqueles com interferências que a população gostaria que fossem feitas. A Prefeitura ainda não se pronunciou sobre as críticas e o serviço segue andando.
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Texto e foto: Letícia Lins/ #OxeRecife