O Brasil possui cerca de 300 espécies de abelhas nativas que, bem diferentes das africanas, possuem os ferrões atrofiados. E, portanto, são inofensivas, ao contrário das importadas, cujos ataques são corriqueiros e, muitas vezes, até fatais. Uma nova espécie de abelha brasileira acaba de ser identificada em uma fazenda localizada em Goiás. É a Ceratina (Ceratinula fioseana), encontrada na Fazenda Nossa Senhora Aparecida, em Água Fria de Goiás, a 343 quilômetros de Goiânia. Na mesma propriedade, há registro da ocorrência de 72 outras espécies brasileiras.
O nome da abelha é uma homenagem à família Fiorese, dona do imóvel rural, que possui 2.700 hectares. Ao contrário da maioria das abelhas, a Ceratina tem hábitos solitários. Não vive em colônias e atua como polinizadora-chave em ecossistemas naturais e agrícolas. A nova espécie de abelha foi identificada pela primeira vez pelo trabalho de dois cientistas: Heber Luiz Pereira (pesquisador responsável pelo monitoramento da diversidade de polinizadores na fazenda), e Favizia Freitas de Oliveira (pesquisadora taxonomista de abelhas do Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia – IBIO-UFBA).
Graças ao estudo, foi identificado o primeiro registro de espécie do subgênero Ceratina (Ceratinula), popularmente conhecido como abelhas carpinteiras pequenas, no Centro-Oeste brasileiro. O artigo científico com o anúncio da descoberta foi recentemente divulgado na Zookeys, publicação internacional que é referência nas áreas de zoologia, taxonomia, filogenia e biogeografia. As identificações das espécies foram feitas nas áreas de reserva ambiental da propriedade, onde foi recuperada a vegetação nativa, com plantas e árvores do cerrado. Além disso, a fazenda ganhou da Bayer sete apiários e três hotéis de abelhas (uma estrutura de madeira desenvolvida pela empresa na qual as abelhas solitárias podem construir seus ninhos), o que facilitou o monitoramento das variedades.
A fazenda é a primeira a integrar o Projeto Bayer Forward Farming no Brasil., iniciativa Bayer Forward Farming, que segundo a multinacional “promove práticas agrícolas modernas e sustentáveis e boas práticas agrícolas em propriedades rurais de todo o mundo”, embora não abra mão do uso de defensivos agrícolas. A fazenda Nossa Senhora Aparecida, fica cerca de 150 km de Brasília, e pertencente à família Fiorese, que está na região desde 1995, produzindo, soja, milho, feijão, trigo e sorgo. A propriedade foi certificada pela Round Table on Responsible Soy (RTRS), uma organização civil que estimula a produção, o processamento e a comercialização de soja sustentável em nível global.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Bayer / Divulgação
