Apesar de lícito, o álcool é um problemão. É cada dia maior o número de pessoas que dependem dessa droga. Ou melhor, não passam sem ela, o que é muito ruim. Que o diga a Rede de Atendimento Psicossocial em Pernambuco (RAPS), onde as bebidas alcoólicas já são a causa de 52,2 por cento dos atendimentos a dependentes químicos. Em segundo lugar, vem outra droga lícita, que é o tabaco (44,4 por cento).
E, pelos números, dá para perceber que há pessoas consumindo vários tipos de drogas. Além do álcool e do tabaco, vejam só os percentuais por tipos de demandas nos atendimentos: benzodiazepínicos (18,9 por cento), cannabis (13,3 por cento), crack (dez por cento), cocaína (7,8 por cento), drogas sintéticas (como ecstasy, 1,1 por cento), anfetaminas (1,1 por cento).
As informações constam da Pesquisa de Mapeamento dos Serviços de Transtornos Associados ao Uso de Drogas no Estado de Pernambuco, cujos resultados acabam de ser divulgados pela Secretaria (estadual) de Políticas de Prevenção à Violência e às Drogas. E, pelo visto, uma coisa puxa outra. Onde tem droga, tem violência. E os órgãos de segurança sabem muito bem disso.

Os números acusados pela pesquisa são bem significativos. Como se sabe há drogas (inclusive o álcool) que potencializam a agressividade. As equipes investigadas relatam práticas de várias violências associados ao comportamento de dependentes químicos, que incorrem em riscos para os familiares e mesmo para as comunidades: violência doméstica (66,7 por cento), sexual (64 por cento), contra pessoa idosa (55 por cento), violência autoprovocada ou autoinfligida 44,3 por cento), contra pessoa com deficiência (38,1 por cento). E ainda: envolvendo pessoas da comunidade LGTBQUIA+ (26,4 por cento), comunitária (20,9 por cento), tortura (20,8por cento),entre outros.
A pesquisa foi realizada em universo de 1962 unidades básicas de saúde em 184 municípios pernambucanos, e também no Arquipélago de Fernando de Noronha. Foram ouvidas 1965 equipes da RAPS entre as 3.179 que atuam no estado. O estudo foi feito pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes, em parceria com a Cooperação Pernambuco, que é liderada pelo governo estadual, através da Secretaria de Políticas de Prevenção à Violência e às Drogas, tendo o Secretário Cloves Benevides ficado responsável pela articulação. Várias outras instituições participaram do trabalho, inclusive o Instituto Igarapé, referência nacional em propostas para prevenção da violência.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Divulgação /