Quando eu era criança, não perdia um pastoril. Havia até duelo entre o cordão encarnado e o azul, e a gente organizava as torcidas, fazia bandeirinhas, para dar força aos cordões. “Azul é o céu, azul é o mar, azul é a rainha que nós vamos coroar”. Como minha rua em peso torcia pelo azul (embora eu goste muito da cor vermelha), eu me metia no meio da torcida azul e não lembro mais o grito de guerra do cordão encarnado. Morava em Casa Amarela, e na Rua de São João (como os antigos chamam até hoje a Conselheiro Nabuco), havia um Clube (Aca), onde pastoril era o que não faltava na perto do Natal.
É claro que irei ao Bairro do Recife, hoje à tarde, para ver o cortejo de pastoris que movimentará as ruas daquela parte antiga da nossa cidade. Serão nove pastoris, daqueles bem tradicionais, com pastorinhas, Borboleta, Diana. Eles sairão embalados pela Associação Musical 19 de Fevereiro e Som Brasil Banda Show. A concentração será no Marco Zero, e por volta de 17h30, os grupos se dirigem ao Cais da Alfândega. No cortejo, seguirá também o Reisado Imperial, uma manifestação cada dia mais rara nas capitais do Nordeste, mas ainda com muita presença no Interior.
No Cais, haverá apresentação do Pastoril Giselly Andrade. Também se apresentam Balé Deveras e Louvores in Concert, assim como orquestra do Movimento Pró-Criança, com participação do Instituto Passo de Anjo. No Cais da Alfândega, será inaugurada a árvore de natal de 14 metros de altura. No Boulevard da Rio Branco, há exposição de presépios, alguns confeccionados com materiais recicláveis. Ainda não vi a mostra, mas meu amigo Cícero Belmar, que lá esteve, gostou do que viu. E hoje vou conferir.
No sábado (15), a Avenida Rio Branco tem pastoris de novo. Desse vez, o Véio Mangaba divide o palco com outros véios, como Xaveco, Maroto, Lumbrigueta e Cafuné. Se o Véio Mangaba (Valmir Chagas), sozinho, já é imperdível, imagine o que ele não vai aprontar com os outros véios juntos. ”Papai, eu quero me casaarrr.. Ou minha filha, você vai casar com quem? Quero me casar com o motorista”… E aí, já vem o mote para as divertidas “safadezas” do Véio Mangaba, e suas pastoras endiabradas. O que rende para nós, claro, divertidas gargalhadas. Se Deus quiser, estarei lá também. Pastoril? Adooooooooooooooooooooro.
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Texto: Letícia Lins/ #OxeRecife
Fotos: Arquivo #OxeRecife/ Divulgação/ PCR