“A capital pernambucana poderia ser considerada como a cidade das árvores estupradas, tamanha a dilaceração provocada em muitas espécimes pelas empresas que prestam serviço às companhias de eletricidade e telefonia. Embora o fato não seja exclusivo do Recife, não se percebe interesse do poder público em pôr fim a isso”.
Esse texto não é meu não. Faz parte de um trabalho acadêmico – “Ve(r)nerável Recife” – de Fernando Batista, que recentemente defendeu duas dissertações de mestrado, uma delas abordando a importância do baobá e o seu significado nas religiões de matriz africana. Fernando é o maior semeador de baobás do Brasil, e amante das plantas e da natureza. Em um dos seus trabalhos, ele reclama: “Não bastasse a violação pelos machados, as árvores recifenses ainda têm que enfrentar a violação por fanáticos pincéis, além da asfixia pelo concreto, que lhe jogam até a base”.
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Em um dos seus trabalhos ele mostra que nas calçadas do Recife há árvores cujas raízes não possuem nenhum espaço, com o concreto encostando no tronco. E também uma palmeira, cujo caule está ocupado em toda a altura com a inscrição “espiritismo é pecado”. As letras são garrafais. Ou seja, falta boa vontade da população, das prestadoras de serviço, do poder público. Porque hoje, caminhando, vi muitos toquinhos de árvores pelas ruas. É só o que eu vejo. Sinceramente, acho que a sociedade tem que se mobilizar.

O toquinho denuncia que ali já teve um ser vivo, vítima de “assassinato” disso que estamos chamando de “genocídio oficial”. Porque as árvores que estão nas ruas, parques e praças são de responsabilidade dos órgãos públicos. Embora nós tenhamos a obrigação de zelar por todas elas. Mas diz o discurso oficial que para cada árvore erradicada, duas são plantadas. Vocês sabem dizer onde elas estão? Essa fica na Praça Faria Neves, próximo ao Zoológico de Dois Irmãos, Zona Norte do Recife. Já morreu ou foi “assassinada”, mas até hoje ninguém botou nada lá, para substituir. Ela tem até um canteirinho, e as raízes podem se expandir um pouco. Mas, infelizmente, virou depósito de lixo. “Parem de derrubar árvores”. #OxeRecife….
(Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife)
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