Menos uma. De novo. Caminhando pelo bairro de Casa Amarela, ali bem pertinho do Pátio da Feira, na Rua Senador Soares Meireles, encontrei mais uma árvore degolada. Pelo tronco, parece ter sido um fícus. A espécie não é recomendada para calçadas por conta da força de suas raízes, que normalmente danificam e levantam o concreto do passeio público e chegam até a prejudicar alicerces e derrubar muros.
Imponente, a espécie é encontrada em várias áreas públicas do Recife. E sobre ela já se pronunciava o sociólogo Gilberto Freyre, em 1976: “o próprio coco verde é aqui tão vergonhoso quanto a gameleira, que os estetas municipais vêm substituindo pelos fícus-benjamim, quando a arborização que nossas ruas, parques e jardins pedem é a das boas árvores matriarcais da terra ou aqui já inteiramente aclimatadas: pau-d’ arco, mangueira, jambeiro, palmeira, gameleira, jaqueira, jacarandá”.
Ou seja, pelo que se vê, a espécie foi erroneamente disseminada no século passado pelos nossos gestores. A árvore, com suas raízes aéreas, é belíssima, como se pode observar na Rua do Hospício (Boa Vista) ou na chamada Praça dos Cachorros (na Jaqueira). Porém exige muito espaço para se expandir. Mas não é pelos seus problemas que temos que destruí-la. Já plantou, deixa. Em 2017, a erradicação de um exemplar da espécie comoveu o Recife, aquela que ficava na esquina da Rua da Aurora com a Ponte Princesa Isabel (foto central).
Pela posição do tronco, o fícus atacado pela motosserra insana em Casa Amarela parece que ia tombar, o que denota que o corte pode ter sido até necessário. Porém, se guilhotinar uma árvore com décadas de existência já é doloroso, pior ainda é deixar o toco lá, como prova do arboricídio cada dia mais comum nas ruas do Recife. O ideal é fazer logo a substituição por uma espécie mais adequada ao local. Cada árvore erradicada sem reposição, com certeza, faz falta no Recife da emergência climática. E o fícus, por mais problemático que seja, não é exceção.
Abaixo, você confere mais informações sobre a árvore poderosa que é o fícus, e também outras perdas no bairro de Casa Amarela, um dos mais populosos do Recife.
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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife