No final de semana, apesar do tempo feio, estive na praia de Boa Viagem, para checar denúncia de um leitor, quanto à erradicação de uma árvore exuberante, que ficava na Rua Padre Carapuceiro. Como o cidadão não fez nenhuma referência ao endereço exato, decidi caminhar no sentido Avenida Boa Viagem – Shopping Center Recife. Não demorou nada, e me deparei com a cova da árvore na esquina daquela via com a Rua dos Navegantes. Mais precisamente na calçada posterior do Edifício Portugal.
Mais nada sobrou da árvore. Nem mesmo o tronco degolado. Era uma planta popularmente conhecida como “Cabeça de Nêgo”, segundo me informaram ambulantes e flanelinhas que trabalham no quarteirão. Um deles me disse que o tronco degolado, com cerca de um metro de altura, passou mais de uma semana esperando a erradicação completa. Não há sinal de que haverá reposição para vegetal de outra espécie, porque não há espaço de alegrete (canteiro) na reconstituição da calçada. Se há, é tão pequeno, que mal se percebe. Nesta semana, o #OxeRecife recebeu várias mensagens pelas redes sociais, todas em protesto contra a forma como o patrimônio verde do Recife é tratado.
“Continuam derrubando? Chamo essas criaturas de marginais da natureza”, afirma Ingrid Eleonore Luck. “Comerciantes continuam derrubando árvores. Prefeitura nem a reposição faz. Secretários passam, mas falta coragem para enfrentar os empresários”, afirma outro leitor, Alexandre Malta, provavelmente referindo-se a galerias e estabelecimentos comerciais que cortam as árvores para abrir vagas em seus estacionamentos.
“Muita tristeza com o que ocorre com o nosso verde”, afirma Eveline Valença. “Crime”, completa. A indignação dos leitores recifenses tem sua razão de ser. Porque, pelo menos é o que parece, há uma falta completa de cuidado na poda das árvores. Chegam para a poda, e a motosserra insana só deixa mesmo o talo. Resulta no arboricídio. Porque muitas árvores, mas muitas mesmo, terminam morrendo porque ficam com zero folha para realização da fotossíntese, tão fundamental para a sobrevivência das plantas.
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Texto e foto: Letícia Lins / #OxeRecife
