Vocês me desculpem de falar disso de novo. Mas vou insistir. Vou bater na mesma tecla, porque não há como me calar. Nem como parar de me indignar, com a matança que nunca cessa das nossas árvores. Hoje, falo de dois novos casos. Pois recebi uma denúncia, e também constatei mais uma vítima da motosserra insana, na minha volta às habituais caminhadas. Estou retornando devagar, com ajuda de fisioterapia, depois daquele tombo provocado por uma calçada assassina, que me deixou por um mês com o pé imobilizado.

Pois hoje, enquanto caminhava, me deparei com mais uma daquelas cenas, que estão fazendo do Recife a capital nacional dos toquinhos (daquilo que um dia foram árvores). Encontrei mais uma dessas tristes cenas, na calçada do Shopping Plaza, na Avenida Dezessete de Agosto, em Casa Forte. Ela tinha um canteiro quadrado, que poderia permitir o crescimento de raízes, sem danificar a calçada. O motivo do “assassinato”, ninguém sabe qual foi. O #OxeRecife começou, no mês de janeiro, a fazer uma espécie de inventário, ou melhor, de “necrológio”, de árvores sacrificadas nas ruas da cidade. O balanço do que foi observado será divulgado no final do ano.

Os casos são recolhidos, em sua maior parte por mim mesma, titular desse Blog. Mas os amigos têm enviado, também, fotografias das barbaridades que observam pelas ruas. Segundo o discurso oficial, para cada árvore erradicada, duas são plantadas. Mas não é isso que a gente vê. O que se observa são toquinhos, e pouco tempo depois, o pó de serra no chão, sem mudas que substituam.
Hoje meu amigo Alexandre Albuquerque, fotógrafo, me enviou mais um caso, dessa vez na Rua José Bonifácio, perto do Carrefour, na Torre. Ele é o autor da foto que abre esse post. “Mais um, do Prefeito Cotoco”, ironiza, ao mandar-me mais um “retrato” da realidade anti verde de nossas ruas. Como vocês sabem, tomei emprestado de uma pichação, o nome dessa campanha contra a matança das árvores de áreas públicas do Recife. “Parem de derrubar árvores”, diz o apelo de um anônimo, espalhado por vários muros da cidade. O da foto foi colhido no Poço da Panela, um dos poucos bairros bucólicos da Capital que, mesmo assim, não se livrou da motosserra insana.
Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Letícia Lins e Alexandre Albuquerque (foto do leitor)