Parem de derrubar árvores (125)

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Enquanto o Ministério Público consegue deflagrar uma operação gigante em defesa da natureza no Sertão de Pernambuco (a Fiscalização Preventiva Integrada – FPI), no Recife o que a gente mais vê são árvores guilhotinadas, em ruas, praças e jardins. Até na praia. Quando penso que não encontrarei mas nenhuma cena de arboricídio – porque já foram tantas – eis que elas sempre aparecem no meu caminho.

Há alguns dias, me defrontei com mais uma árvore eliminada pela motosserra insana. Era uma árvore adulta linda, que dava muita sombra a pedestres e ciclistas que circulam pelo local. Mas os pedaços estavam espalhados pelo asfalto, tangenciando o meio-fio, em frente ao Edifício Chácara Santa Rosa, na Rua Ricardo Hardmam, bairro da Jaqueira. Trabalhadores do Condomínio informaram que a árvore estava “doente, com cupins”. E me deram outra notícia ruim, enquanto ali passava na condição de pedestre, e parei para observar mais uma prova do desastre em que se transformou a política de arborização do Recife. Será que ela existe?

“Essa foi derrubada, mas aquela lá não vai demorar não, pois também está bichada”, disse-me o zelador, apontando para a árvore vizinha à vítima do arboricídio, enquanto recolhia os restos mortais da outra, já assassinada. “Está ficando tudo oco por dentro”, completou. Será que não tem jeito de evitar que isso aconteça? Será que em áreas urbanas não há iniciativas fitossanitárias que garantam a sobrevivências dessas plantas que nos assegurem um ar melhor para respirarmos e uma temperatura mais agradável?

Pelo que vejo, o tratamento de pragas das árvores das ruas do Recife é sempre aquele: a guilhotina. Pode um negócio desse?  São muitos os relatos que chegam ao #OxeRecife, dando conta de pedidos não atendidos de socorro para árvores doentes. O pior é que – como ando muito a pé pela cidade – vejo os canteiros onde elas viviam, agora cheios de lixo. Reposição que é bom, é perto de zero. O que observo sobrando por aí são canteiros entupidos de metralhas, em locais onde havia antes a exuberância de castanheiras, flamboyants, fícus, acácias, mangueiras entre outras espécies que poderiam estar hoje embelezando nossas ruas, praças, jardins. É assim que a cidade vai se degradando. E junto com o  processo, a nossa qualidade de vida.

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Texto e foto: Letícia Lins/ #OxeRecife

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