Teve um tempo que era o Guaiamum Treloso o melhor bloco a desfilar no Poço da Panela. Quando seus organizadores decidiram transformá-lo em festa rural, privada e lucrativa, ficou um vácuo naquele bucólico bairro do Recife. Mas isso é coisa do passado.
Carnaval é festa popular, espontânea e, no Recife, ele brota naturalmente. Pois no sábado o Poço da Panela esteve maravilhoso, sob o comando de OS Barba e do Mulher de Bigode. Fizeram um carnaval sadio, animado, só com música pernambucana. Parecia Olinda antigamente. Festa linda! Vejam o vídeo com o Hino do Mulher de Bigode.
Como a história se repete, pois muitos blocos, troças, clubes de frevo aparecem a partir de outras – por mera inspiração ou dissidência – Mulher de Bigode surgiu como uma brincadeira, para dar resposta aos Barba, que no começo era formado por um grupo de rapazes – hoje jovens senhores – que moravam naquele bairro.
A festa entrou pelo início da noite, mas aí as ruas do Poço começaram a ficar intransitáveis, porque não parava de chegar gente. Foi quando me desloquei para a Praça de Casa Forte, para acompanhar o Pisando na Jaca, que é uma espécie de dissidência do Turma da Jaqueira Segurando o Talo. O Segurando o Talo tem mais de 30 anos e como cresceu muito, aderiu aos trios elétricos. O Pisando na Jaca sai com orquestra no chão, como a grande maioria dos blocos que circulam no Poço da Panela e Casa Forte. A prática, claro, é muito mais compatível com a estrutura daqueles locais da Zona Norte.
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Texto, foto e vídeo: Letícia Lins/ #OxeRecife