Cozinhando História: Sabores, mitos e orixás na culinária afro-brasileira

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Muitos pratos da culinária baiana tiveram origem em fundamentos religiosos ligados ao candomblé. Porém muitas pessoas ignoram esse fato e até desconhecem os mitos dos orixás, relacionados com iguarias como o acarajé, o abará e o amalá. A observação é de Josmara Fergoneze, Marlene Jesus da Costa e Nancy de Souza (Vó Cici). As três são autoras do livro Cozinhando História – Receitas, histórias e mitos de pratos afro-brasileiros, publicado em edição primorosa pela Fundação Pierre Verger. O volume é enriquecido com fotos da Bahia dos anos 1940-1950, com a assinatura de Pierre Verger (1902-1996). E também com fotos de Josmara, documentando o preparo de pratos de origem africana. São 33 pratos, sendo 21 salgados e doze doces.

Entre as receitas salgadas encontram-se caruru, vatapá, ipetê, xinxim de galinha, feijoada, molho de pimenta, vatapá, maxixada, oguedê, arroz de hauçá. Já entre os doces, há o famoso bolinho de estudante (muito solicitado na Bahia), o cuscuz de tapioca, o amoda e o acaçá.  Essas receitas eram sempre compartilhadas por Marlene e Vovó Cici (foto maior), em cursos realizados pelo Espaço Cultural Pierre Verger, um dos braços sociais da Fundação, que funciona em Salvador. Agora, mesmo quem está longe pode aprender os segredos e os mitos da cozinha baiana e suas ligações com os orixás. Em alguns pratos é citada, também, a influência indígena além da herança deixada pelos africanos escravizados.

Em continuidade às ações da campanha de captação de recursos, a Fundação Pierre Verger está ofertando uma oficina da qual podem participar pessoas interessadas de todo o Brasil. E até mesmo do exterior. A oficina é inspirada justamente no livro  que falei acima e será integralmente, em ambiente virtual. Serão quatro aulas sobre a culinária afro-brasileira, ministradas por Marlene da Costa. Essas aulas estarão em diálogo com histórias e mitos das culturas africanas e afro-diaspóricas, que serão narradas por Vovó Cici. Além das duas condutoras do curso, as aulas contarão com as participações de pessoas ligadas ao tema de cada aula, que apresentarão informações sobre o prato e/ou mito do dia.

Ao final de cada aula prática, acontecerá um bate-papo entre elas e o público inscrito, que poderá tirar dúvidas sobre o prato preparado e/ou sobre a história contada. Para além de oferecer um curso on-line, a Fundação Pierre Verger almeja captar recursos que contribuirão para a manutenção do seu Espaço Cultural, e essa oficina funciona vetor para chamar a atenção para isso. Cozinhando Histórias, Alimentando Solidariedade é um serviço que será ministrado por duas pessoas que são educadoras deste Espaço, com total conhecimento sobre as ações que desenvolvem e que esperam continuar ensinando às pessoas um pouco dos seus saberes tradicionais.

O investimento para a oficina completa é de R$ 120,00 e as primeiras pessoas que se inscreverem, poderão aproveitar uma promoção que envolve a própria publicação Cozinhando Histórias.  As aulas começam na quarta-feira (18/11). Outra opção é, também, se inscrever em aulas avulsas. Veja, abaixo, um  pequeno trecho sobre o mito do abará (iguaria muito consumida na Bahia),e que será contada por Vovó Cici durante o curso:

Oxum prontamente ordenou que fossem feitos muitos abarás e, quando estes ficaram prontos, ela mandou que todos se afastassem. Imediatamente,Oxum se transformou em um rio caudaloso e, com estrondos terríveis, correu em direção aos amigos de Xangô. Quando chegou perto dos inimigos, suas águas ficaram tranquilas e os abarás começaram a boiar. Os inimigos, cansados e famintos, entraram nas águas e se fartaram com os abarás. Quando todos estavam na água, o rio desapareceu na terra, levando todos os inimigos de Xangô.

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Serviço:
O quê: Oficina online sobre culinária e a influência do candomblé na gastronomia baiana
Tema: As aulas têm por base o livro “Cozinhando história – Receitas, histórias e mitos de pratos afro-brasileiros.
Onde – As aulas serão virtuais e o curso pode ser comprado no site lojapierreverger.org.br
Quem ministra: Marlene Jesus da Costa (no preparo dos pratos) e Vovó Cici (na contação de histórias)
Investimento: R$ 120 ou R$ 40 por aula isolada
Programação e pratos da oficina: 18/11, 19h – Aula 01: Amalá e Acaçá. Bate-papo ao vivo;  20/11, 19h – Aula 02: Omolukun e Bolinho de Estudante. Bate-papo ao vivo; 25/11, 19h – Aula 03: Arroz de Hauçá e Cocada Puxa. Bate-papo ao vivo; 27/11, 19h – Aula 04: Acarajé, Abará e Bolo de Aipim. Bate-papo ao vivo.
Observação : Caso lhe interesse, vá ao
site da  loja on-line e garanta a sua participação. Você será um parceiro da Fundação Pierre Verger, pois o curso ajudará a instituição a manter o Espaço Cultural funcionando A Fundação Pierre Verger está, também, no Instagram, Facebook e YouTube.

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto maior: Tacun Lecy / Divulgação / Fundação Pierre Verger
Fotos menores: Reprodução do livro Cozinhando História

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