A nova cara da Câmara Municipal e a briga da esquerda no segundo turno

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Está apertada, a disputa pelo segundo turno no Recife. E a eleição do  próximo dia 27 de novembro tem uma característica inédita na cidade. E quem sabe, no País. É que concorrem representantes de um mesmo clã – a família Arraes –  sem a costumeira polarização direita-esquerda, antes tão comum nas eleições do Recife. Dessa vez, a polarização é entre dois candidatos que se dizem de esquerda mesmo. Aliás, centro-esquerda: Marília Arraes (PT) e João Campos (PSB). Marília teve 27,95 por cento dos votos enquanto João – favorito em todas as pesquisas de opinião – atingiu 29,17 por cento.

Agora é ver o que vai acontecer. João evitou se atrelar à gestão do PSB durante toda a campanha, limitando-se a mostrar apenas ações positivas, porém pontuais da Prefeitura, uma vez que o Prefeito Geraldo Júlio (do seu partido) é apontado nas pesquisas de opinião como o mais impopular do Nordeste e o quinto pior do país. Ou seja, João não teria muito o que ganhar se utilizasse  GJ como padrinho político. Uma situação bem diferente da vivenciada por GJ,  quando o pai de João, o então Governador Eduardo Campos (PSB),  teve participação decisiva nas eleições municipais de 2012. Logo no primeiro turno, ele conseguiu eleger Geraldo Júlio, então um nome desconhecido na política pernambucana.  Marília passou toda a campanha desconstruindo a gestão do PSB frente à Prefeitura, o que não é uma tarefa difícil. Aliás, muito fácil.

Câmara Municipal sofreu renovação de 46 por cento: bancada com maioria para João Campos. Mas oposição é necessária.

Marília e João, no entanto, usam a força do nome Arraes. Como avô (no caso da petista) e como bisavô (no caso do socialista). Em 2020, completam-se 72 anos que Arraes entrou na vida pública, tendo se tornado o maior mito da política pernambucana do século 20, depois de ter sido deposto pelo Golpe Militar de 1964, tendo regressado ao Brasil como herói, após a anistia. Com a situação já definida na Câmara Municipal do Recife, agora é só  com o debate entre os dois primos que vamos ter que nos preocupar. Ver quem tem as melhores propostas. Também prestar atenção em promessas miraculosas ou impossíveis se se concretizar, coisa comum entre candidatos.

Entre os dois, há algumas que se repetem há anos e que pouco avançaram nas últimas gestões, principalmente na do PSB como ampliação do serviço de saneamento e habitação popular. Agora o socialista e a petista  não vão ter só que prometer, mas dizer como vão fazer. Caso seja eleito, João vai encontrar situação confortável na Câmara Municipal, onde contará com uma base de 25 vereadores em um total de 39 cadeiras do Palácio José Mariano. Marília contaria com bancada de apenas cinco, caso eleita, o que pode configurar um problema para sua gestão.  A oposição, no entanto, é cada vez mais necessária, para fiscalizar os atos da Prefeitura e sobretudo as despesas nem sempre confiáveis do executivo.

Caso contrário o Ministério Público e o Tribunal de Contas do Estado não teriam tanto trabalho, não é mesmo? E há muito tempo que a Câmara Municipal não conta com uma vereadora atenta aos números do Executivo, como a hoje deputada Priscila Krause (Dem). Vamos aguardar, pois, o desempenho dos vereadores eleitos. Incluindo dos novos, já que o índice de renovação da Câmara Municipal foi de 46 por cento. Destaque para a historiadora e advogada Dani Portela (estrela em ascensão da política pernambucana, foto central) e vereadora mais votada na eleição de domingo no Recife. Ela teve 14.114 votos.  Outro nome que desperta expectativa é  Liana Cirne, professora de direito da Universidade Federal de Pernambuco. Embora com votação bem menor – 3.697 votos – outro destaque entre os novos vereadores é Cida Pedrosa, ex-Secretária do Meio Ambiente do Recife e que ocupou até recentemente a Secretaria das Mulheres. Ela foi eleita pelo PC do B. Sertaneja, poeta e feminista, ela é outra cara nova da esquerda no Palácio José Mariano.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Acervo #OxeRecife e Divulgação/ PSOL

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