Desolação: Óbitos do desabamento em Paulista somam onze, porém ainda há três desaparecidos

Situação muito triste na praia do Janga, em Paulista, na Região Metropolitana do Recife. É que já somam onze, as vítimas do desabamento de um edifício do Conjunto Beira-Mar, que estava interditado desde 2010,  já que apresentava risco de ruir. Apesar  da ordem judicial para desocupar o prédio,  ele voltou a ser irregularmente habitado a partir de 2012, sem que as autoridades tomassem nenhuma providência. Sinceramente, se o prédio oferece risco e tem que ficar vazio, a praxe deveria ser a demolição e a imediata indenização dos antigos moradores, que investiram anos de trabalho no sonho da casa própria que, depois, se revelaria um pesadelo.

O que aconteceu em Paulista não é exceção na Região Metropolitana do Recife. Segundo a Prefeitura daquele município – localizado a 17 quilômetros do Recife – só no Janga, há nada menos de 30 prédios com risco de cair, tal qual ocorreu com o bloco D7 do Conjunto Beira-Mar. Mas os  edifícios que oferecem risco em Paulista chegam a mais de 300, de acordo com as autoridades locais. Pior: no caso do Beira-Mar, os antigos moradores estão há mais de dez anos com processo na justiça, aguardando liberação dos recursos do seguro. Ou seja, depois de perder tudo que investiram, amargam o estresse provocado pela  longa  dolorosa decisão judicial pela indenização a que têm direito. Afinal, quem é o culpado por todos esses acontecimentos, tão frequentes em nosso estado?

O Corpo de Bombeiros e populares permanecem buscando três desaparecidos  entre os escombros, uma mãe e dois filhos. O corpo da foto acima é de um menino de oitos anos, que teve irmãos que também morreram no acidente. O acidente com o bloco D7 aconteceu na sexta passada, quando 16 apartamentos desabaram totalmente e oito, em caráter parcial. O prédio tinha três andares, e quatro unidades apartamentos por andar. O Beira-Mar  é um conjunto de 29 blocos de prédios, dos quais dez apresentam riscos de queda. Na manhã desse sábado foram encontrados 3 corpos, inclusive o de um menino de oito anos (foto acima). Vários animais – entre gatos e caninos – estão em apartamentos que ruíram, mas eles só serão resgatados quando o Corpo de Bombeiros encerrar as buscas pelos três desaparecidos restantes.

Vizinhos do edifício formaram uma corrente de solidariedade e têm dado plantão no local para ofertar alimentos às equipes que trabalham na busca. Buscas prosseguem, apesar dos atrapalhos provocados pela chuva, que se intensificaram nos últimos quatro dias. A simples observação das paredes que ruíram mostra mesmo para os leigos – como é o meu caso – a fragilidade das estruturas de sustentação das paredes do prédio acidentado. Paredes finíssimas, estreitas, erguidas com apenas uma carreira de tijolos,. À distância, lembra uma caixa de sapato no sentido vertical.  Pior, com o papelão amassado.

Obs: A operação de resgate das vítimas, encerradas no final da tarde do sábado, terminou com o resgate dos corpos de 14 vítimas fatais. Até quando isso vai continuar acontecendo?

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Genival Pparazzi / G.F.V Paparazzi / ZAP (81)995218132)/ gfvpaparazzi@gmail.com

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