O mundo fantástico de J.Borges

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Ir ao Cinema do Museu não representa apenas conforto proporcionado pelo fato de ser uma das melhores salas de projeção da cidade. Além da programação, do ambiente bucólico dos seus jardins e   da oportunidade de saborear um cafezinho com amigos, o visitante tem oportunidade extra de ampliar o conhecimento, ao mergulhar no mundo mágico de um dos ícones da cultura popular do Nordeste. É que até o final desse mês está em cartaz a imperdível exposição J.Borges – 80 anos. Ela fica na Sala Waldemar Valente, em frente à entrada do Cinema do Museu.

Se for assistir algum filme, chegue um pouquinho mais cedo. E aproveite para conhecer a história de J.Borges, que chegou a ser considerado por Ariano Suassuna como o melhor xilogravurista do país. Na verdade, J.Borges nasceu em 1935, mas a exposição vem rodando o Brasil e só agora chega à Fundação Joaquim Nabuco. No Recife, esteve, também, na Caixa Econômica Cultural. Filho de pais lavradores, o artista já fez de tudo um pouco. Como os meninos de sua época, começou trabalhando na agricultura. Aos dez, já cortava cana. Também trabalhou no cultivo de algodão. Logo depois, revelava sua alma de artesão, confeccionando cestos, balaios, colheres de pau, que vendia em feiras e mercados populares.

Ele calcula que teve pelo menos onze profissões.  Mas foi nas feiras que encontraria seu destino, ao conhecer violeiros e poetas de cordel. Encantou-se com os versos, e a partir daí trocou os livros escolares pelos folhetos, onde acabou de aprender a ler. Logo estaria produzindo versos. Sem dinheiro para pagar as ilustrações, começou ele mesmo, a talhar a madeira para produzir matrizes para as gravuras, processo que mantém até hoje em seu ateliê, na cidade de Bezerros, a 90 quilômetros do Recife. Premiadíssimo, o artista tem trabalhos  em museus espalhados pelo mundo. Sua obra já chegou a países como Suíça, França, Espanha, Estados Unidos, Venezuela.

Sua arte já foi serviu para ilustrar livros de ninguém menos que Eduardo Galeano (Palavras Andantes)  e José Saramago (O Lagarto). E em 2012, chegou a ser convidado – e atendeu à solicitação – para ilustrar a edição comemorativa do segundo centenário da primeira publicação dos Irmãos Grimm. Na  época, cheguei a entrevistá-lo sobre a dificuldade de ilustrar os contos de autores de tempos e realidades tão distantes. Ele tirou de letra.  “Tudo que tem no conto de fada, tem no cordel: passarinho, mulher, calúnia, inveja, bruxa, rainha. O fantástico que o conto de fada explora, o cordel também explora”, respondeu.

Serviço:
Exposição  J.Borges – 80 anos
Onde: Sala Waldemar Valente, no Museu do Homem do Nordeste (em frente à entrada do Cinema do Museu)
Quando: até o dia 30 de julho
Horário: de terça a sexta, das 9 às 17h. Sábados e domingos, de uma às 17h.
Entrada: gratuita

Caso você queira, também, visitar o Museu do Homem do Nordeste, ele só não funciona às segundas, dia de folga, também, do Cinema do Museu. O Museu do Homem do Nordeste abre de terça a sexta, das 8h30 às 17h. E às quartas, o horário é prolongado, vai de 8h30m às 20h. Sábados e domingos, de 13h às 17h. A entrada custa R$ 6 e R$ 3. Também é uma opção interessante, para quem vai ao Cinema do Museu.

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife

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