Muito triste, mas muito triste mesmo, a situação de alunos da rede pública de ensino. Eles se encontram sem aulas presenciais desde março, no início da pandemia. E, como sabemos, não são poucos aqueles que têm dificuldade de acesso às aulas virtuais, pois há uma grande quantidade que não possui, sequer, sinal de Internet em casa.
Por enquanto, Plano Estadual de Convivência com a Covid-19 liberou o retorno às aulas somente para alunos do terceiro ano ensino médio, mas é provável que a situação não se normalize até lá, pois os professores da rede oficial encontram-se em estado de greve, desde a quinta-feira, após assembleia realizada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sintepe). Nova assembleia está marcada para a próxima quarta-feira (30/9). Já na rede oficial, houve até protesto em defesa da volta às salas de aula.
Na Assembleia da quinta-feira, os professores da decidiram não retornar às atividades presenciais na rede estadual de ensino; divulgar amplamente o parecer da Rede Solidária em Defesa da Vida contra o retorno às aulas presenciais no Estado de Pernambuco; entrar com ação jurídica contra o retorno às atividades presenciais na rede estadual de ensino; ficar em estado de greve. E ainda: Participar de reunião com a Secretaria de Educação na próxima segunda-feira, 28 de setembro; realizar mais uma Assembleia Geral virtual na quarta-feira, 30 de setembro às 14h30. Por fim, o Sintepe solicita que Trabalhadores/as em Educação e demais interessados/as acompanhem às redes sociais do Sindicato para permanecerem informados. Os professores alegam que muitas das escolas públicas não têm condições de cumprir medidas de segurança diante da pandemia.
Capacidade ou não, o fato é que os estudantes que já amargaram quase meio ano letivo sem aulas podem ser ainda mais prejudicados. Em um primeiro momento, só o terceiro ano do ensino médio está liberado, o que já seria um facilitador para cumprimento das medidas de segurança, já que sobraria espaço para cumprir medidas de distanciamento nas escolas. Há de se lamentar o prejuízo imposto à educação – principalmente à pública – durante a pandemia. E também o fato de que houve muito tempo para se planejar um retorno seguro das atividades nesses tempos de isolamento social. Por que, finalmente, a discussão só começa agora, quando se marca o reinício, ainda que parcial, das aulas? Realmente, não dá para entender. Nem o Sintepe nem o governo de Pernambuco. Até porque tempo suficiente para se providenciar o que fosse preciso.
Durante o isolamento social, houve casos de dedicação que merecem registro, como o do professor Artur Nascimento Cabral, de Camaragibe. Ao descobrir que seus alunos não conseguiam acompanhar as aulas virtuais (por falta de Internet em casa) ele decidiu levar as tarefas aos altos do município, a bordo de sua bike, mesmo diante do risco de contágio no período mais temido da pandemia. Sua bela história está em um dos links abaixo. Confira.
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Texto e foto: Letícia Lins / #OxeRecife