No rastro das Caminhadas Domingueiras

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Com o pé avariado, por conta de uma topada infeliz, não pude participar da edição mais recente do Projeto Caminhadas Domingueiras, que aconteceu no último dia 17, quando foram visitados praças e jardins projetados por Burle Marx (1909-1991), o mais ilustre paisagista brasileiro. O passeio começou no Palácio do Campo das Princesas e terminou na Praça de Casa Forte, na Zona Norte do Recife. Tombada e transformada em jardim histórico, a Praça tem grande importância, por ter sido o primeiro projeto paisagístico de Burle Marx, que morou um bom tempo em Pernambuco, deixando no Recife um acervo de 28 jardins públicos, dos quais quinze agora são  jardins históricos.

Foram visitados, também, a Praça do Derby (no bairro do mesmo nome) e a Euclides da Cunha (na Madalena, Zona Oeste). Encontrei o grupo na Praça do Derby, só para dar um abraço no pessoal. Mas lamentei não ter tido condições de fazer todo o percurso a pé, porque gosto de andar. E é assim, que a gente cria maior intimidade com a cidade onde vive.  Ao ouvir as explanações feitas no  Derby,  percebi que teria aprendido muita coisa se tivesse feito todo o roteiro, como costumo fazer sempre. Coordenador das Caminhadas Domingueiras, Francisco Cunha chamou o arquiteto e urbanista Luís Vieira para descrever o que aparecia no caminho, com seu olhar sensível e apurado.

Apesar de sua importância histórica, a Praça do Derby sofre com a ação de vândalos e teve o seu entorno desfigurado.

Vieira também mostrou, também, como alguns intervenções ajudam a poluir a paisagem do Recife, como as horrorosas paradas de ônibus que só macularam um lugar tão bonito, como é a Praça do Derby. E também reclamou de palmeiras que foram suprimidas para implantação daquele equipamento que também vejo como um aleijão urbano. Sem condições de calçar tênis e usando uma sandália grande – pois imobilizei parte do pé – resolvi passear de carro pelo centro e por alguns bairros. Gosto muito de contemplar o Recife aos domingos, quando a cidade está em paz, com seu rio tranquilo, com as ruas sem o inferno do trânsito. A cidade é bonita, com suas pontes, seu casario ainda sobrevivente, mas, sinceramente, me dá tristeza passar por alguns lugares, como a Avenida Conde da Boa Vista, a  Dantas Barreto e também pela Praça Dom Vital, onde vi muita sujeira.

Rodo mais um  pouco, e me defronto com o que observo sempre pelas ruas de nossa cidade: tocos de árvores a torto e à direita, que motivaram a criação da série Parem de derrubar árvores, aqui no #OxeRecife.  E vi esse tipo de descalabro tanto em ruas movimentadas – como a Visconde Suassuna e Aurora – quando em outras mais distantes, quando já retornava para casa, como no bairro de Santo Amaro, Tamarineira, no Poço da Panela, . O fícus que foi derrubado na esquina da Rua da Aurora com a Ponte Princesa Isabel permanece no mesmo local, embora tenha sido “podado” há quase um mês. Ficou lá, o cadáver, parecendo ter sido vítima de um bombardeio, um gigante caído, na beira do rio. Já era para ter sido retirado e substituído por outra  árvore. A sua presença ali, depois de “erradicado”, em nada contribui para enriquecer a já tão detonada paisagem do centro do Recife. #ParemDeDerrubarÁrvores.

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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife

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