No caminho dos baobás

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Vocês me desculpem pela minha falha. Esqueci de avisar que o #OxeRecife passaria o domingo fora do ar, para uma manutenção mais do que necessária. Na verdade, um ajuste técnico para tornar o Blog mais ágil e meu trabalho mais veloz. Bom gente, por esse motivo, só hoje trato da mais recente edição das Caminhadas Domingueiras, lideradas por Francisco Cunha. Ela teve como tema De Baobá a Baobá, com a Maxambomba no Meio. E foi isso mesmo, com percurso a pé entre dois exemplares da árvore sagrada.  Felizmente, ambos são tombados. E por esse motivo, a motosserra insana não pode detonar nenhum dos dois, como vem fazendo com as árvores desprotegidas das ruas do Recife.

Nessa edição, o encontro foi no Jardim do Baobá, no bairro das Graças, um local bem simbólico, pois marca o início do Parque Capibaribe,  projeto que pretende transformar o Recife em uma cidade mais verde, mais aprazível e mais humana. Bom lembrar que esse baobá esteve ameaçado, na década de 1970, durante construção de obras para proteger o Recife de enchentes. O professor Napoleão Barroso Braga gritou contra a pretendido “assassinato” daquele colosso vegetal. E  o governo terminou por fazer um desvio na calha do Rio Capibaribe, que salvou a planta, cuja história só  resgatada recentemente. Antes, muitos recifenses nem sabiam de sua existência, por ficar aos fundos de um restaurante, cujo muro sufocava a exuberância árvore.

Tombado,  lindo baobá do Fundão de Dentro merece um jardim, em vez de ficar confinado como boi em um curral.

A partir do Baobá, fizemos um percurso por pelo menos sete bairros: Graças, Jaqueira, Espinheiro, Encruzilhada, Arruda, Água Fria, Fundão de Dentro, onde fica o outro baobá, também tombado, mas muito mal cuidado. Espremido entre uma grade de ferro e uma igreja evangélica.  Merecia um jardim, em fez de ficar confinado como boi, em um curral. Mas, pelo menos, está lá, poderoso, imponente e sobrevivente. A nossa primeira parada foi na Ponte D´Uchoa, aquele lindo monumento que fica em frente ao Colégio das Damas. Digo monumento, porque é a única estação que resta no Recife do trem da Street Railway Ltda, que ligava alguns dos nossos, no século 19.

Francisco informa que o ônibus puxado a burro que tanto serviu ao Recife no século 19 só apareceria cinco anos depois. De lá, seguimos pela Rua Conselheiro Portela, com nova parada na gameleira que fica ao lado da Igreja do Espinheiro. Contam que, no século passado, quiseram derrubá-la, para abrir uma nova via no Recife. Indignado, o jornalista Mário Melo saiu de casa, de revólver em punho, ameaçando atirar em quem matasse a planta. Resultado: ela foi salva, mas tombou naturalmente anos depois, e a gameleira que está lá, hoje, é um filhote da original. Assim mesmo, tombada desde 1988. Xô, motosserra insana. Houve paradas, também,  na Escola Técnica e no Mercado da Encruzilhada, cujas construções datam da mesma época e possuem estilos semelhantes.

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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife

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