Municípios atingidos pelas manchas de óleo já são nove em Pernambuco. Quem é o culpado?

É fogo, não é? Quando a gente pensa que se livrou da irresponsabilidade de navios que singram as nossas águas, o óleo derramado volta a marcar presença no nosso Litoral. Dessa vez, não foi tão grave quanto em 2019, quando o Nordeste foi vítima do maior desastre ambiental já registrado em nossas praias, com milhares de toneladas de combustível poluindo nossos mares, acabando com os corais e cobrindo nossos  manguezais. Quando fauna e flora começam a respirar aliviados e a se recuperar da agressão, eis que bolotas pesadas da cor de piche começam a chegar à areia.

De acordo com a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Estado, a chegada do óleo já foi registrada em nove municípios de Pernambuco. Além da Capital e de Paulista (que fica no Litoral Norte), todas as outras cidades afetadas são do Litoral Sul: Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca, Sirinhaém, Tamandaré, Barreiros e São José da Coroa Grande. Tamandaré – localizado a 108 quilômetros do Recife – é o mais prejudicado. Conhecido por suas praias paradisíacas, inclusive a dos Carneiros, o município acusou cinco toneladas de óleo recolhido. Já  em São José da Coroa Grande e  Barreiros, foi coletado o total  de uma tonelada.

Óleo volta a preocupar população, autoridades e ambientalistas no Nordeste. Cadê os responsáveis por esse crime?

Nas outras cidades, a quantidade foi menos significativa. Mas é bom lembrar que Ipojuca é um dos maiores destinos turísticos do país. É lá que ficam Porto de Galinhas e Maracaípe, duas praias disputadíssimas por visitantes brasileiros e estrangeiros. Hoje diversos órgãos se reuniram para deliberar o que fazer, diante desse novo desastre. Os novos fragmentos de óleo no litoral pernambucano começaram a aparecer no sábado passado. Em agosto, também apareceram bolotas de óleo no Litoral. No encontro de hoje, ficou estabelecido o monitoramento e limpeza do mar e faixas de areia, sobrevoos de acompanhamento aéreo, destinação correta dos resíduos recolhidos e educação ambiental à população, que tem sido aconselhada a não manipular o material poluente.

Nessa quarta, foi formalizada a instalação da Comissão Estadual de Prevenção, Preparação e Resposta Rápida a Acidentes Ambientais com Produtos Perigosos (P2R2). Esta comissão de acompanhamento tem como objetivo agir preventiva e de forma integrada, diante do cenário que está posto. Por isso, as instituições estão em alerta e de prontidão para que possam lidar com qualquer tipo de evolução da ocorrência. O encontro contou com a participação de membros da Amupe, Ibama, Secretaria Estadual de Saúde, Capitania dos Portos, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil e UFPE. Na quinta-feira (6), haverá uma reunião com as prefeituras dos municípios litorâneos de Pernambuco para alinhar as ações de limpeza e destinação correta dos fragmentos de óleo.

Mas os órgãos ambientais destacam que não há qualquer restrição ao banho de mar nas praias pernambucanas. A orientação, de caráter educativo, reforça que caso um banhista identifique algum tipo de fragmento de óleo na praia, que evite o contato com o material, e encaminhe a informação para o telefone da Emergência Ambiental da CPRH: (81) 99488-4453.  Assim como aconteceu em agosto deste ano, quando vestígios de óleo também chegaram em nossas praias, amostras dos materiais coletados serão enviadas ao Laboratório OrganoMAR, da UFPE. Será que com tanta tecnologia, GPS e equipamentos eletrônicos não se consegue saber quem são esses navios irresponsáveis? Pelo que parece, estão fazendo lavagem e jogando o lixão em nossas água. É lasca, né?

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Semas / Divulgação

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