Teatro de resistência, por defesa da cultura e amor à arte. Nem ingresso tem. Mas cada espectador doa o que quiser, pois a trupe passa o chapéu, como nos espetáculos de rua antes tão comuns no interior. Assim é o Marsenal, movimento que é formado por artistas de várias linguagens. Estes se uniram em julho de 2019 para abrir espaço para experimentos autorais com apresentações semanais no Bar Teatro Mamulengo, na Praça do Arsenal (Bairro do Recife). Após o hiato provocado pela pandemia da Covid, o grupo voltou a promover as noitadas culturais no local. Atualmente Marsenal é realizado uma vez por mês. Às quintas sempre ocupa o Bar Teatro Mamulengo, na Praça do Arsenal, no bairro do Recife. Ali, bem pertinho do Paço do Frevo.
Na noite dessa quinta-feira (10/08) quem está em cartaz é Electra no Circo, porém para uma leitura dramatizada. Electra no Circo é uma peça em três atos, escrita por Hermilo Borba Filho em 1944. Mas nem só de Electra no Circo vive o Marsenal na noite de hoje. É que a movimentação começa às 19h, e a noitada promete muitas formas de expressão, com microfone aberto para o público. As pessoas podem se expressar em poesia, leituras, informes culturais e desabafos poéticos. Às 19h30 tem o experimento cênico Intervalo, com Olga Ferrario e Hugo Coutinho. Electra no Circo vem em seguida. “A “venda” dos ingressos para as apresentações de Marsenal são na linha pague quanto puder/só não deixe de ir com dinheiro no chapéu ou no chapix”, lembra Ana Nogueira. Atriz, palhaça, jornalista e amiga aqui do #OxeRecife, Ana integra o grupo Violetas da Aurora (foto abaixo) e está no Marsenal desde o seu início, a exemplo de Fabiana Pirro (de blusa vermelha).
No experimento cênico Intervalo, uma dupla (Olga Ferrario e Hugo Coutinho) vive um casal de artistas com dois filhos. O que fazem depois que dormem as crias? O raro momento de relaxamento, misturado a necessidade de resolver as diversas demandas num curtíssimo período de tempo. De curta duração, a cena abre a noitada para Electra no Circo, a peça de Hermilo ganhou apenas uma montagem teatral, na década de 1940, no Rio de Janeiro, sem grande repercussão. Em 2017, o Coletivo Violetas da Aurora e o Centro Cultural Raimundo Carrero promoveram duas sessões da leitura de Electra no Circo no Ciclo de Leituras Teatrais Dramatizadas, abrindo um espaço de integração entre a literatura e o teatro, além de homenagear Hermilo Borba Filho no ano das comemorações em torno dos 100 anos do seu nascimento, em 1917. Segundo o escritor e professor, Raimundo Carrero, a história da filha de Agamenon profundamente angustiada pelo assassinato do pai em trama estabelecida por um tio é reconhecida como uma das tragédias mais perfeitas da humanidade. “A adaptação circense foi feita por Hermilo a partir dos elementos do teatro popular com palhaços. O texto apresenta diálogos ligeiros de forma a alcançar efeito circense, de grande empatia com o público”, conta Carrero, que trabalhou com o dramaturgo.
Nesta leitura, as personagens da Electra de Hermilo são defendidas por um elenco formado por Ana Nogueira (O Palhaço), Ana Luiza Accioly (Servente/Menino Pobre/Doutor/Mulher de Preto), André Alencar (Orestes/Rapaz do Trapézio/músico), Diógenes Lima (Mestre de Cerimônias/O Domador/O Tio de Electra/Menino Pobre/Juiz), Fabiana Pirro (Mãe de Electra/A Equitadora/Menino Rico/Servente/Homem de Branco), Felipe Koury (Pai de Electra/O Dono do Circo/músico), Mayra Waquim (A Cantora/Enfermeira) e Silvia Góes (Electra/Moça do Arame).
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Serviço: Marsenal
Local: Bar Teatro Mamulengo (Rua da Guia, 211 – Praça do Arsenal – Bairro do Recife)
Data: Quinta-feira, 10
19h: Microfone aberto
19h30: Experimento cênico Intervalo, com Olga Ferrario e Hugo Coutinho
20h: leitura dramatizada de Electra no Circo, de Hermilo Borba Filho
Ingressos: contribuição no chapéu pague quanto puder/só não deixe de ir
Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Divulgação / Marsenal