Eu a-d-o-r-o quando recebo informações de particulares ou de empresas – sejam pequenas ou grandes corporações – que desenvolvem esforços em defesa do meio ambiente. Há alguns dias noticiei aqui a iniciativa da Zerezes, que está confeccionando óculos, usando como matéria prima o plástico obtido dos famigerados canudinhos, deixados por banhistas e barraqueiros nas areias das praias brasileiras. Também a Amaro adotou as embalagens feitas com plástico recolhido no Litoral. Agora é a iZettle que anuncia uma boa nova. A empresa sueca acaba de lançar a Ocean Reader, maquininha (de passar cartões de débito ou crédito), em cuja fabricação entra 75 por cento do lixo resgatado no mar.
Pena que o plástico só tenha sido recolhido no Nórdico e no Báltico. E não nas águas tropicais do Brasil, tão castigadas pela falta de consciência ambiental da população. Na praia de Copacabana, por exemplo, a festa da virada do ano deixou mais de 350 toneladas de lixo. No Recife, onde o réveillon é bem menor do que o do Rio de Janeiro, a Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb), recolheu nada menos de 62 toneladas de lixo na orla do Pina e Boa Viagem. Ou seja, qualquer iniciativa para aproveitar esse absurdo volume de lixo (que inclui os plásticos em grande quantidade) sempre será benéfica. A Emlurb informou que não calculou o percentual de plástico no lixo gerado com a virada 2019/2020.
Infelizmente a máquina de cartões feita com plástico dos oceanos adotada pela empresa sueca tem tiragem limitada. Para o #OxeRecife, essa deveria ser a norma e não a exceção. Vocês não acham? Para viabilizar a iniciativa, a iZettle fez parceria com a Oceanworks, marketplace global para plásticos reciclados dos oceanos. Em compensação, parte da venda (20 por cento) das maquinhas ecologicamente corretas será revertida para a instituição . Vejam a importância dessa iniciativa: De acordo com a ONU, há 13 mil pedaços de plástico em cada quilômetro quadrado do oceano. Ou seja, um horror. Órgãos ambientais mundialmente respeitados – como a WWF – também alertam que em 2050, os oceanos terão mais plásticos do que peixes, se nada for feito para evitar o caos. Desde o início do projeto, a iZettle removeu mais de uma tonelada de plástico do mar, o que ainda não é muito, diante da dimensão da tragédia ambiental que esses materiais representam.
Mas o novo produto é apenas o primeiro passo na campanha para ajudar pequenos negócios com produtos sustentáveis. A empresa espera que a iniciativa seja uma forma de incentivar toda a indústria a um uso consciente de plástico. A ambição da iZettle é que, até 2021, todos seus lançamentos contenham materiais reciclados. “Tenho orgulho em anunciar que a primeira maquininha de meios de pagamento feita de plástico retirados do oceano é da iZettle“, explica Maria Oldham, CEO da iZettle. No Brasil, a máquina de cartões sustentável estará inicialmente disponível apenas para parceiros e clientes selecionados que apoiam essa causa. Que pena. Equipamentos com materiais recicláveis deveriam ser prioritários e obrigatórios.
Fundada em 2011, na Suécia, a iZettle é uma fintech que oferece um sistema de gerenciamento completo com máquina de cartão e controle de vendas e estoque para micros, pequenos e médios negócios. Ela atua em 12 países, sendo líder de mercado na Europa. Em 2018, a PayPal realizou a aquisição da sueca por US 2,2 bilhões. A empresa está em 26º lugar entre as 1000 fintechs mais inovadoras do mundo, segundo ranking da consultoria KPMG. No Brasil, a operação teve início em 2013. Já a Oceanworks® é o marketplace global para plásticos reciclados dos oceanos. A instituição reduz a necessidade de uso de novos plásticos ao intervir e reciclar lixo que afeta os mares. Conectam fornecedores e empresas para acelerar o processo de abastecimento, amostragem e compra de resinas, fios, componentes e produtos de plástico oceânicos. Lançado em 2018, a Oceanworks® atualmente tem mais de 100 empresas de amostragem e fornecimento de plásticos oceânicos reciclados. O #OxeRecife aplaude a iniciativa das duas corporações. Aliás, das quatro. Vamos seguir os exemplos delas?
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Campanha Colete Três Plásticos na Areia (Internet) e Ocean Reader / iZettle / Divulgação