Antigamente havia uma crença segundo a qual quem tivesse jabuti no quintal, jamais enfrentaria a erisipela, uma doença muito desconfortável, marcada por ferimentos na pele (geralmente braços ou pernas) e que é provocada por uma bactéria. Não sei se ainda vigora essa superstição. Mas talvez esse seja um dos motivos pelos quais os quelônios tenham se transformando em alvo dos traficantes de animais. Foi não foi, jabutis são apreendidos em pontos de comércio ilegal de animais silvestres no Nordeste.
Esta semana, eles voltaram a aparecer, dessa vez no Ceará, onde seriam vendidos. Felizmente foram enviados ao Centro de Triagem de Animais Silvestres do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos naturais (Ibama), que fica em Fortaleza. E depois, foram repatriados para Pernambuco, de donde haviam saído.
Além dos jabutis- piranga (Chelonoides carbonara), foram repatriados, também, quatro periguitões-maracanãs (Psittacara leucophthalmus) e quatro jandaias-verdadeira (Aratinga jandaya) . Todos passaram por um período de tratamento no Centro de Triagem do Ibama, em Fortaleza. Depois, enfrentarem os 778 quilômetros da viagem para o Recife, onde agora estão sob os cuidados do Centro de Triagem de Animais Silvestres da Cprh (Cetas Tangara).
Os animais, 17 ao todo – sendo sete jabutis – foram entregues esta semana. E foram repatriados para Pernambuco porque são típicos de áreas de Mata Atlântica (bioma não encontrado completamente no Estado vizinho) e, no caso específico dos jabutis, de matas brasileiras. Há áreas de solturas dessa espécie de jabuti monitoradas pela Cprh no Sertão do nosso Estado. Em Pernambuco, já começaram a ser preparados para à reintrodução à natureza. Entre os animais repatriados, estava, também, uma preguiça, animal que não tem ocorrência no Ceará, conforme mostramos no #OxeRecife, na última quarta-feira. Viva os nossos bichinhos e a natureza!
Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Divulgação / Cprh