Se tem uma pessoa que virou símbolo de força e persistência, durante o auge da crise sanitária, essa pessoa é Rosa Nascimento, que ficou conhecida como a mulher coragem, assumindo um desafio de bancar um empreendimento, quando muitos empresários desistiram dos seus negócios. Rosa virou até notícia nacional. E por que isso aconteceu? Porque após anos vivendo na cozinha do Hotel Central, ela se viu na iminência de ver o histórico hotel fechar as portas. Com o coronavírus comendo o mundo e o turismo zerado, o proprietário do edifício disse não ter condições de continuar administrando aquele que é considerado o “primeiro arranha-céu do Recife”, e no qual se hospedaram mitos da nossa cultura ou mesmo da política, como a cantora Carmem Miranda (1909-1955) e o Presidente Getúlio Vargas (1882-1954).
Além disso, era no Hotel Central que se hospedavam tripulantes e passageiros do Zeppelin, o dirigível que fez história singrando os céus do mundo, e que inclusive “atracou” no Recife. Pois mesmo com o hotel vazio e sem saber quando se acabaria o sumiço de turistas devido ao isolamento social, Dona Rosa decidiu assumir o Central, apesar de não ter perspectiva de novos hóspedes a curto prazo. Passou um tempão com os 59 apartamentos vazios, sustentando a estrutura com o apurado do seu restaurante, o Tempero da Rosa, famoso pela qualidade do sabor e da cozinha regional. Felizmente, as restrições já não são as mesmas, e estão liberadas festas, danças, vernissages. “O Hotel Central é minha vida”, disse-me certa vez a mulher coragem, ainda nos momentos de dificuldade para seguir à frente. Ela nunca desistiu. E alimenta o sonho não só de ver movimento de hóspedes, mas também o de transformar o Central em um ambiente de efervescência cultural.
E ela está conseguindo. Além de serestas e outras iniciativas, Dona Rosa juntou-se com ninguém menos que um hóspede para lá de ilustre, criativo e gênio: o estilista Ronaldo Fraga. Ao descobrir o vozeirão de Rosa e que ela sabe muita música de cabaré, decidiu fazer uma festa, o Cabaré da Rosa. Pois o Cabaré bombou. Os ingressos voaram. E não é que vem aí o Cabaré da Rosa II? Será no sábado (30/04), a partir das 19 horas, também nas dependências do histórico Hotel Central. Os ingressos custam R$ 60 por pessoa e estão à venda há mais de quinze dias. “Nesse evento, uma festa maravilhosa, feita a quatro mãos: as de Dona Rosa e as do famoso estilista Ronaldo Fraga”, diz o convite nas redes sociais dos amigos do Hotel Central.
O clima será de “zona” e “de romance, alegria e fantasia”. E acrescenta o convite: “Se avexe, pois as vagas são limitadas e a procura está sendo grande”. As reservas, se é que ainda restam ingressos, podem ser feitas no telefone (81) 997743428. A ligação de Dona Rosa com o mundo do cabaré é curiosa. Ela tinha uma tia que possuía um e, assim, aprendeu as músicas prediletas da boemia de então. Na última festa, Fraga usou e abusou da estética dos bordéis. Teve luz vermelha, iluminação difusa, rosas de papel celofane, e até o cardápio lembrava um dos artigos com maior mobilidade em qualquer lupanar: uma calcinha de mulher. Aliás, um calçolão, daqueles dos anos 1950. Também ganharam nomes sugestivos da vida fácil os petiscos servidos no dia da festa.
Abaixo, você confere mais informações sobre Dona Rosa, Hotel Central e bairro da Boa Vista, onde ele fica. Veja, também, o vídeo de chamada do “Cabaré”.
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Serviço
Evento: Cabaré da Rosa II
Quando: Sábado, dia 30 de abril
Horário: 19h
Preço do ingresso: R$ 60 por pessoa
Atrações: Dona Rosa (cantora), Ronaldo Fraga (estilista), Orquestra Universal com “muito frevo e música de zona”
Onde: Hotel Central, Avenida Manoel Borba, 209, Boa Vista
Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Letícia Lins, Denaldo Coelho (Acervo #OxeRecife) e Divulgação / Hotel Central
