Horta de Casa Amarela comemora cinco anos de vitória da comunidade

Iniciativa da própria comunidade, a Horta de Casa Amarela está em festa. Mas, por conta da pandemia, a comemoração será apenas virtual. Se não fosse o coronavírus, com certeza, boa parte dos moradores daquele populoso bairro da Zona Norte estaria na rua, entre barraquinhas, shows musicais, venda de artesanato, acepipes e cerveja. Tudo porque a  Horta está comemorando cinco anos. Foi muito trabalho, mas valeu a pena. Afinal, a área que oficialmente seria destinada à implantação de uma praça na burocracia da Prefeitura, não passava de um terreno totalmente degradado e esquecido pelo poder público. Hoje, com certeza, a situação seria ainda pior, se a comunidade não tivesse se mobilizado. O espaço – que fica entre a Avenida Professor José dos Anjos e a  Rua Professor Souto Maior- vivia cheio de entulhos, lixo, metralhas. Mas transformou-se em área verde, que serve para o lazer da comunidade. E que contribuiu para tornar os seus laços ainda mais estreitos.

Agora, a Horta caminha para uma experiência que pode contribuir ainda mais para melhoria do espaço.  É alvo de processo  em andamento de adoção compartilhada. Trata-se de um novo modelo de gestão dos espaços públicos do Recife, no qual entram a participação da própria comunidade, o Instituto Casa Amarela Saudável e Sustentável (Icass) e uma empresa privada (que funciona no próprio bairro). Os detalhes serão posteriormente anunciados aqui no #OxeRecife. Porque hoje é dia de falar em festa.  Virtual, mas festa.

E os responsáveis pela implantação da Horta de Casa Amarela prepararam um dia inteiro de programação em suas redes sociais, com um tema bem apropriado para o trabalho do coletivo: Fecundar a Terra. Será quinta-feira (16/7) entre 9h e 19h. A programação inclui: Alvorada Musical (9h); Ritualística de Agradecimento à Mãe Natureza (9h40); Debate sobre Cidades Sustentáveis (10h30m);  Apresentação de vídeo com fotos de várias etapas da Horta, entre 2015 e 2016 (11h20m); Programação Musical (14h). Esta tem como convidados o cantor Geraldo Maia (morador desde criança de Casa Amarela) e Marcelo Mário Melo  (poeta).

Às 15h30m, a Horta volta à carga. Entra no ar vídeo com fotos da Horta de Casa Amarela entre 2017 e 2018. Em seguida (16h), haverá debate com tema muito oportuno: Diagnóstico da Situação Local, Legislação Ambiental, Políticas Públicas e Agroecologia Urbana.  Às 17h tem Recital de Poesia. Às 17h30 haverá Apresentação Musical. E às 19h, mesa redonda com participação do Icass sobre bairros sustentáveis. O Icass é o Instituto Casa Amarela Saudável e Sustentável, que participou da mobilização para a implantação da horta e trabalha por melhorias para o bairro.

Veja o que dizem  ao #OxeRecife, alguns dos integrantes do coletivo responsável pela implantação da Horta de Casa Amarela.

Dulcineia Oliveira Xavier, assistente social, feminista e co-fundadora de organizações não governamentais como o SOS Corpo ( hoje Instituto Feminista pela Democracia) e Coletivo Refazendo – “Nasci no Pará e moro no Bairro de Casa Amarela há mais de 50 anos. Esperei muito tempo pela transformação dessa área, e me sinto muito grata pela nossa vitória. Antes, era tudo cheio de entulho, de lixo, uma bagaceira terrível. O espaço está irreconhecível, em relação ao que era antes. O que era escuro, ficou claro. O que era lixo, virou uma área verde. Para mim, o espaço hoje é tão bonito que realmente não falta muita coisa”.

Cida Pedrosa, Poetisa, ex-Secretária de Meio Ambiente do Recife e Secretária da Mulher da Cidade – É muito salutar ver a comunidade tomando conta do espaço. Quando todos se mobilizam, quando realizam conquistas, a situação de pertencimento é maior, porque cada qual teve sua participação na mudança”.

E acrescenta Cida: “É bom quando a comunidade pode dizer, isso eu construí, isso eu fiz, isso é nosso. Consegui que a Emlurb implantasse uma pracinha na Horta e isso me dá uma alegria muito grande. Há outras iniciativas de recuperação de áreas degradas no Recife, mas a Horta de Casa Amarela é a mais especial. Porque é uma iniciativa totalmente puxada pela comunidade”.

Bruno Teles, Gerente Comercial – “Aqui não vale tempo ou tamanho da colaboração. Vale, sim, o desejo de mudança. Foram muitos os que fizeram parte dessa iniciativa, ao plantar uma sementinha no coração de nossa cidade. Uma sementinha que germinou e mudou a realidade daquele que antes era um terreno baldio, em Casa Amarela”.

Vandson Holanda, bancário e Presidente do Icass –  “A proposta sempre foi a de transformar terreno degradado em espaço verde e sustentável. Lembro-me da primeira reunião que fizemos para escolher a área. O que não faltava eram terrenos abandonados para o entorno tomar conta. A iniciativa é muito importante do ponto de vista urbano: uma insurgência frente à inoperância da gestão pública”.

Para Vandson, a mobilização da comunidade rendeu saudáveis frutos: “O melhor é que a Horta de Casa Amarela não parou e vai ser transformada em praça de gestão compartilhada”

Leia também:
Comunidade recupera calçadas em Casa Amarela. Essas cenas vão sumir?
Isso pode ser chamado de avenida?
Horta urbana sai com Bloco Carnahorta
“Isso não é um assalto, é horta no asfalto”
 
Carnahorta: Põe verde na democracia
Casa Amarela em campanha pela horta
Casa Amarela cada vez mais cidadã
Sementes que brotam na Zona Norte
Horta urbana: três anos com festa
Exemplo para o poder público
Casa Amarela pede socorro
Jardim Secreto completa três anos: esforço coletivo, mudança e resultado
Cidadania a pé: calçada não é perfeita
Charme: calçada para andar e sentar
Calçadas cidadãs na Jaqueira e no Parnamirim: todas deviam ser assim  
Cadê as calçadas da Avenida Norte?
Casa Amarela tem EcoCocô

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Letícia Lins e Divulgação / Horta de Casa Amarela

Continue lendo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.