História: A bonita casa grande do Engenho Moreno que hospedou o Imperador Pedro II em 1859

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Com dois companheiros de grupos que exploram o Recife a pé – Francisco Cunha (Caminhadas Domingueiras) e Evandro Duarte de Sá (autor do livro “101 Manias de Grandezas de Pernambuco) – estive dando um passeio  para conhecer alguns pontos históricos localizados em municípios da Região Metropolitana do Recife. Estávamos a caminho de Vitória de Santo Antão, quando Evandro resolve fazer um pequeno desvio de rota para nos mostrar, em Moreno, uma pérola da arquitetura típica das habitações da aristocracia açucareira dos séculos passados (foto acima). Segundo Fernando Guerra de Souza (autor do livro Açúcar: riqueza e arte em Pernambuco), a casa-grande, em estilo neoclássico e do tipo solar, “é uma das mais notáveis erigidas em Pernambuco no século 19”.

Belíssima, o casarão do Engenho Monjope, que é tombado pelo Estado, encontra-se em ruínas. A foto é de 2019

Em Pernambuco, restam algumas dessas relíquias, a maior parte em estado precário ou em ruínas, como são os casos do casarão do antigo Engenho do Meio, que pertenceu a João Fernandes Vieira, então proprietário de dois outros, o São João e o Santo Antônio. No século 17, as três propriedades ficavam na  chamada Várzea do Capibaribe, onde é hoje o bairro da Várzea.

Do casarão de Vieira, só se observa os alicerces que são alvo de escavações por um grupo de arqueólogos e estudantes da Universidade Federal de Pernambuco. O antigo engenho fica em terras que agora pertencem ao campus da UFPE. Outro engenho de grande importância histórica é o Monjope, situado no município de Igarassu, a 26 quilômetros do Recife. E que, embora tombado pelo Estado, está totalmente arruinado, quase desabando, embora a imponente casa grande ainda esteja de pé, mesmo que aos trancos e barrancos.

Escavações arqueológicas no antigo Engenho do Meio, que pertenceu a João Fernandes Vieira

Para se ter uma ideia da história do Monjope, ele foi doado em 1600 aos jesuítas. Entre o século 17 e o 19 funcionou como engenho, e o casarão chegou a hospedar o Imperador Pedro II, em sua histórica visita a Pernambuco, em 1859. Passando essas informações em revista só para lembrar que o casarão do Engenho Moreno  sobrevive. E, o que é melhor, é a exceção da regra. Está muito bem conservado, por cuidado dos seus proprietários. Não o visitamos, mas observá-lo da porteira já valeu.  Como o hoje em ruínas de Monjope, o de Moreno também recebeu o Imperador,em 1859.  Aliás, este foi o ano que a edificação foi concluída, justamente para acomodar a família real.

Ao longo dos anos de produção, o Engenho Moreno passou por diversos proprietários, até ser adquirido pela família Souza Leão, no século 19. O Solar Souza Leão, como é chamado, pertenceu a Antônio Souza Leão,  o Barão de Moreno (1808-1882), que possuía “somente”oito engenhos de cana-de-açúcar naquele município, localizado a 28 quilômetros do Recife.

O Barão foi um dos cinco encarregados no estado de preparar a visita de Dom Pedro II a Pernambuco, tendo hospedado o Imperador, em sua histórica incursão pelo Brasil, quando fez viagem de  quatro meses, com roteiro do Espírito Santo à Paraíba.  O engenho Moreno – onde fica a belíssima casa grande –  chegou a possuir mais de uma centena de escravos. O Barão de Moreno  casou duas vezes. Ficou viúvo do primeiro casamento, do qual teve doze filhos. Casou em segundas núpcias com Maria Amélia Pinho Borges (1839-1900), com a qual não teve descendentes. Primeira e única Baronesa de Moreno, Maria Amélia tem uma história curiosa. Após ficar viúva (o que aconteceu em 1882), decidiu – quatro anos depois – alforriar os seus escravos. O que aconteceu, portanto, dois anos antes da Lei Áurea, que oficialmente daria por encerrado o período triste da escravatura no Brasil.

Abaixo, você confere mais informações sobre antigos engenhos, escravos e locais históricos.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Letícia Lins / Roberto Carneiro / Fundarpe /Acervo #OxeRecife /

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