O Recife é uma bonita cidade. E embora seja chamada de Veneza Brasileira, tem quem veja semelhanças, também, com Hamburgo, cidade localizada a 328 quilômetros de Berlim, na Alemanha. Mas infelizmente enquanto Hamburgo é muito bem cuidada, a situação do Recife deixa muito a desejar. Por onde se passa, há praças abandonadas, lixo acumulado, novelos de fios poluindo visualmente conjuntos arquitetônicos que deveriam estar intactos, árvores degoladas, monumentos vandalizados. Ou injustamente no escuro, como é o caso da Torre de Cristal (foto ao alto). Apesar dos pesares, no entanto, a nossa cidade é um prato cheio para fotógrafos. E um deles é Hans Von Manteuffel, que dá até jeito de colocar luz onde não há. É o caso da Torre de Cristal, do Parque de Esculturas de Francisco Brennand, que fica na região do porto, em frente ao Marco Zero, relegada ao breu pelo poder público há um bom tempo.
Que eu lembre, no carnaval de 2020 o monumento já estava sem iluminação, jogado às trevas. Mas Hans foi atrás de luz onde não tinha. E apelou para a luz do sol nascente, para mostrar o quanto a paisagem menosprezada pelo nosso poder público é linda. Hans é “alemão pernambucano” (como ele gosta de se definir). Formávamos uma equipe, quando trabalhamos juntos nos tempos em que eu atuava como correspondente do jornal O Globo no Nordeste. Ele viajou pela primeira vez ao Brasil, em 1987. Depois, ficou vindo todos os anos, até se estabelecer definitivamente no Recife, onde reside ainda hoje. E por que escolher justamente a capital de Pernambuco? “Achei que tinha semelhanças com Hamburgo, pois fica próxima ao mar, tem um rio cruzando, muitas pontes e um porto”, diz. Hans ia sempre a Hamburgo, por ficar pertinho da localidade onde nasceu. “Você acha o Recife bonita mesmo ou só fotogênica?”, indago. “Bonita mesmo, porém mal cuidada”, afirma. De minha parte, vamos torcer para que o próximo gestor da cidade cuidade dela com mais carinho do que o atual).
Mas para o bom fotógrafo, nem sujeira nem poluição do Rio Capibaribe tiram o encanto da cidade. Vejam o que ele diz: “Há abandono, mas até este pode ser interessante também fotograficamente falando”. Ou seja, o profissional competente é aquele que tem sensibilidade para ver poesia até onde ela parece ter sumido. Mas há uma coisa que muito inquieta o profissional, na hora de dar o clique: “Esteticamente, o que me incomoda muito é a sujeira e a fiação aérea, o que tento esconder pelo ângulo escolhido ou atrás de uma árvore, mas se não tem jeito, tiro a “poluição visual” na hora do tratamento no Photoshop (limpeza na imagem).
Chama atenção, também, a luminosidade das fotos. “Qual o segredo para se conseguir uma boa luz?”, indago. “Acordar cedo ou aproveitar o fim de tarde, assim como seguir planejamento orientando-se por aplicativos que indicam a posição do sol”. Muitas das fotos de Hans até lembram pinturas. São verdadeiras obras de arte. Devido à demanda, ele resolveu transformar as belas imagens em quadros. Todos com a qualidade Fine Arte (impressão com 12 cores de tinta de pigmento mineral em papel Canvas (tela de algodão) importado da França. O material é resistente à água e tem garantia de durabilidade de mais de cem anos. “A tela é montada num chassi que parece flutuar dentro da moldura tipo canaleta ou filete de madeira de reflorestamento”, afirma.
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Serviço:
O quê: Recife em fotografias
Por quem: Hans Von Manteuffel
Onde: Conferir no Instagram @hans_fotos
Como adquirir algum quadro: Falar com o próprio hansvon@uol.com.br ou pelo telefone 81- 9-9994-7277
Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Hans Von Manteuffel (cortesia)