Governadores repudiam negacionismo do Bozó e “invasão” a hospitais

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Governadores nordestinos acusam o Presidente Jair Bolsonaro de “negacionaismo como prática permanente”  quanto à pandemia do coronavírus, e lamentaram o episódio em que o Bozó “choca a todos”, ao mandar a população invadir hospitais de campanha, em atitude que “contraria” todos os “protocolos médicos”, em flagrante desrespeito aos profissionais de saúde e também aos pacientes.

As colocações estão em carta divulgada hoje, da qual o Governador de Pernambuco, Paulo Câmara  (na foto, de terno escuro), também é signatário. A cada dia que passa, as atitudes do Presidente deixam mais chocadas as pessoas de bom senso. Não é à toa, portanto, que sua popularidade só faz cair. Vejam o que dizem os signatários da carta divulgada nessa sexta-feira. Realmente…  Não dá para ficar calado.  Depois de tanto incentivo a atitudes antidemocráticas; de agressões à imprensa; de um Ministério da Saúde militarizado, acéfalo e em crise; e da polêmica reunião ministerial em que a pandemia foi invocada como oportuna para soltar  a “boiada” para a disseminação do mal, o Bozó agora mandou os seguidores dele invadir os hospitais. Você, se internado, gostaria que sua enfermaria fosse invadida? Cado respeito aos direitos do paciente?

Veja o que diz a carta divulgada hoje pelos governadores nordestinos:

Os governadores de Estado têm lutado fortemente contra o coronavírus e a favor da saúde da população, em condições muito difíceis. Ampliamos estruturas e realizamos compras de equipamentos e insumos de saúde de forma emergencial pelo rápido agravamento da pandemia. Foi graças à ampliação da rede pública de saúde, executada essencialmente pelos Estados, que o país conseguiu alcançar a marca de 345 mil brasileiros recuperados pela Covid-19 até agora, apesar das mais de 41 mil vidas lamentavelmente perdidas no país. Desde o início da pandemia, os Governadores do Nordeste têm buscado atuação coordenada com o Governo Federal, tanto que, na época, solicitamos reunião com o Presidente da República, Jair Bolsonaro, que foi realizada no dia 23/03/2020, com escassos resultados.

O Governo Federal adotou o negacionismo como prática permanente, e tem insistido em não reconhecer a grave crise sanitária enfrentada pelo Brasil, mesmo diante dos trágicos números registrados, que colocam o país como o segundo do mundo, com mais de 800 mil casos. No último episódio, que choca a todos, o presidente da República usa as redes sociais para incentivar as pessoas a INVADIREM HOSPITAIS, indo de encontro a todos os protocolos médicos, desrespeitando profissionais e colocando a vida das pessoas em risco, principalmente aquelas que estão internadas nessas unidades de saúde.  O presidente Bolsonaro segue, assim, o mesmo método inconsequente que o levou a incentivar aglomerações por todo o país, contrariando as orientações científicas, bem como a estimular agressões contra jornalistas e veículos de comunicação, violando a liberdade de imprensa garantida na Constituição.  Além de tudo isso, instaura-se no Brasil uma inusitada e preocupante situação. Após ameaças políticas reiteradas e estranhos anúncios prévios de que haveria operações policiais, intensificaram-se as ações espetaculares, inclusive nas casas de governadores, sem haver sequer a prévia oitiva dos investigados e a requisição de documentos. É como se houvesse uma absurda presunção de que todos os processos de compra neste período de pandemia fossem fraudados, e governadores de tudo saberiam, inclusive quanto a produtos que estão em outros países, gerando uma inexistente responsabilidade penal objetiva. 

Tais operações produzem duas consequências imediatas. A primeira, uma retração nas equipes técnicas, que param todos os processos, o que pode complicar ainda mais o imprescindível combate à pandemia. O segundo, a condenação antecipada de gestores, punidos com espetáculos na porta de suas casas e das sedes dos governos.  Destacamos que todas as investigações devem ser feitas, porém com respeito à legalidade e ao bom senso. Por exemplo, como ignorar que a chamada “lei da oferta e da procura” levou a elevação de preços no MUNDO INTEIRO quanto a insumos de saúde? Ressalte-se que, durante a pandemia, houve dispensa de licitação em processos de urgência, porque a lei autoriza e não havia tempo a perder, diante do risco de morte de milhares de pessoas. A Lei Federal 13.979/2020 autoriza os procedimentos adotados pelos Estados.

Estamos inteiramente à disposição para fornecer TODOS os processos administrativos para análise de qualquer órgão isento, no âmbito do Poder Judiciário e dos Tribunais de Contas. Mas repudiamos abusos e instrumentalização política de investigações. Isso somente servirá para atrapalhar o combate ao coronavírus e para produzir danos irreparáveis aos gestores e à sociedade. Deixamos claro que DEFENDEMOS INVESTIGAÇÕES sempre que necessárias, mas de forma isenta e responsável. E, onde houver qualquer tipo de irregularidade, comprovada através de processo justo, queremos que os envolvidos sejam exemplarmente punidos”.

Assinam a carta: Rui Costa  (Bahia), Renan Filho (Alagoas), Camilo Santana  ( Ceará), Flávio Dino (Maranhao),  João Azevedo (Paraíba), Paulo Câmara (Pernambuco), Wellington Dias (Piauí), Fátima Bezerra (Rio Grande do Norte), Belivaldo Chagas  (Sergipe )

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: SEI / Divulgação / Acervo #OxeRecife

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