Do jeito que anda a violência de gênero – aqui no Recife tem até mulher levando tiro do namorado, porque estava em um bar com os amigos, como ocorreu na semana passada – é cada dia mais necessária a criação de escritórios de advocacia voltados para a questão feminina. Se há carência na capital, imaginem no Sertão, onde o machismo é ainda mais exacerbado.
Foi pensando nisso que as amigas Gabriela Moura Melo e Rayanne Moraes decidiram abrir um escritório voltado para as demandas das mulheres. Pena que o Moura e Moraes Advocacia não fique no Recife, mas sim em Petrolina, no Sertão do São Francisco, a exatamente 769 quilômetros da capital pernambucana. A proposta da dupla é atender a clientes do sexo feminino nas áreas de direito de família, cível, penal, previdenciário, sexual e reprodutivo.
Elas dizem que resolveram partir para a iniciativa, depois de constatar que o próprio judiciário é o primeiro a reproduzir a desigualdade de gênero. “Os prejuízos começam com as peças escritas pelos operadores de direito, das decisões judiciais, do texto da lei e dos estereótipos que colocam as mulheres como ciumenta, desequilibrada, alienada, rancorosa, oportunista, o que mantém o cenário alarmante de violência contra o universo feminino”, reclama Gabriela.
“Acreditamos que a mulher deve ser protagonista de sua história”, diz. “E para isso é necessário que ela possa compreender os seus direitos”. Para Rayane, “estamos ajudando as mulheres a reescrever suas histórias, através de atendimento personalizado que vai do ambiente acolhedor a uma escuta ativa”. O escritório conta, ainda, com atendimento psicológico. A profissional, Jessica Mayara Campos Melo, possui vasta experiência nos casos de violência doméstica.
Não são só as clientes que são discriminadas nos tribunais. De acordo com o Site Universa, as profissionais do setor também sofrem até xingamento nos fóruns. Em entrevista a aquele site, a advogada paulista Marina Ruzzi, especialista em gênero, ela própria já foi verbalmente agredida muitas vezes no exercício profissional. “Víbora”, “feminazi”, “louca” e “mentirosa” foram algumas das “classificações” que lhe deram, durante o decorrer de vários processos. É fogo, não é? Lembro que no século passado uma vez fiz uma reportagem sobre o machismo no Tribunal de Justiça de Pernambuco, acusado por um dos seus membros – o falecido Desembargador Agamenon Duarte – de “ginefobia”. Isso porque quando lá havia concurso para juiz, as candidatas eram automaticamente eliminadas, pelo fato de ser mulher. Desembargadora, então, nem pensar… Hoje a composição do Tribunal Pleno são 52 desembargadores, sendo só uma do sexo feminino: Daisy Maria de Andrade Costa Pereira. Então, tá….
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Serviço:
Email: mouraemoraesadvocacia@gmail.com
Instagram: @mouraemoraesadvocacia; @advogadadefamilia_ ; @rayannemoraes_adv.
Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Divulgação