Uma festa para os olhos dos 300 mil esperados visitantes de 2017 e um alento para o bolso de pelo menos 5 mil expositores de todo o país, a 18ª Feira Nacional de Negócios do Artesanato de Pernambuco deve movimentar cerca de R$ 40 milhões em negócios. Para um pequeno grupo, no entanto, a Fenearte representa um meio de reinserção na sociedade. E quem, sabe, se certificar, enfim, de que o crime não compensa. É que reeducandos de sete instituições prisionais do Estado participam da Feira, com trabalhos que vão de casinhas de bonecas (sim, eles também fazem esses inocentes brinquedos) a quadros pirografados. Há, também, delicadas pecinhas em biscuit.
Os artigos produzidos pelos presos estão no estande 188, logo após a Alameda dos Mestres. São cerca de 150 peças à venda, em diversos materiais, que são produzidas dentro do programa Ressocialização Através da Arte. Algumas peças são uma graça, como esse veleiro da foto abaixo. “É a oportunidade de apresentar a criatividade dos reeducandos e valorizar a mão de obra carcerária. São experiências exitosas do sistema prisional voltadas para a reintegração social dos reeducandos”, destaca Cícero Rodrigues, Secretário Executivo de Ressocialização. Na verdade, essa não é a primeira vez que os reeducandos mostram seu artesanato.

Em junho, foi firmada uma parceria entre a Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres) e o Centro de Artesanato de Pernambuco (CAP), ligado à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, que permitiu o credenciamento de 17 reeducandos artesãos ao CAP, que já comercializa suas peças. Diretor de Promoção do Centro, Thiago Angelos, se disse surpreso com “a qualidade” dos produtos confeccionados pelos detentos. Além da Fenearte e do CAP, peças produzidas por presos podem ser encontradas, também, na Casa da Cultura e no Paço Sustentável (que fica no Paço Alfândega)
O dinheiro das vendas (cem por cento) é revertido para os próprios presos, que têm outro tipo de benefício: a remição de pena. É que a Lei das Execuções Penais prevê que o preso tem direito a reduzir um dia na sua pena, para cada período de três dias trabalhados. Em Pernambuco, há cerca de 30 mil presos, mas só 20 por cento trabalham, o que é uma pena. Eles trabalham na limpeza e manutenção dos presídios, na padaria, e no setor administrativo. Há, também, aqueles que prestam serviços a empresas, inclusive na área de marcenaria.
Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Fernando Porto / Divulgação / SJDH