Nestes dias, em que se comemora a Semana da Fauna, o #OxeRecife traz para os leitores alguns fatos divertidos, envolvendo animais silvestres que começam a se integrar à fauna urbana. Chega a surpreender que alguns animais antes só observados nas selvas, apareçam no asfalto, nas casas das pessoas, nas tubulações de esgotos. Ou seja, se integrem ao nosso cotidiano. É o caso do jacaré. Aliás, de um jacaré. Rex é o nome dele, e já é velho conhecido dos moradores do entorno do Açude de Apipucos.
Às vezes, no final da tarde, ele se acomoda para tomar sol nas margens do lago. De outras, passeia perto de bares ou residências, atrás de comida fácil. Nessa brincadeira, o animal terminou virando motivo de afeto de Dona Noêmia, antiga moradora do bairro da Zona Norte, que desenvolveu uma amizade tão grande com Rex, que nem medo do bicho tem. Ele costuma nadar até o quintal de Dona Noêmia onde a moradora sempre lhe dedica alguns mimos. Um deles é a carne de galinha. Mas Rex só gosta do couro da ave, e por esse motivo a moradora guarda os pedaços gordurosos para ele. Também aparecem outros animais da espécie na área, mas Rex é o mais assíduo no quintal dela. E também o maior que ela já viu no local.

A amizade entre Rex e Dona Noêmia virou um vídeo produzido pelo Luíla e Pretinha Cineclube, que faz trabalho social no bairro, procurando tornar mais estreitos os laços da comunidade, promovendo discussões após sessões de cinema (normalmente de cunho social ou ambiental), implantando horta de ervas medicinais entre outras iniciativas. E uma destas é justamente a produção de vídeos sobre personagens da comunidade como Sinha (que já mostramos aqui, ver link abaixo) e Noêmia (cuja história o #OxeRecife mostra hoje). No momento, as atividades presenciais do Cineclube estão suspensas, devido à pandemia.
Dona Noêmia gosta tanto do bicho que nem medo dele tem mais. Ela costuma ver outros animais circulando nas proximidades do Açude, como capivaras e tejus. Rex, por sua vez, mostra que não está de brincadeira. Há alguns dias ele deu uma abocanhada nos quartos de Princesa, uma cadela vira-lata, que virou o xodó de Djalma Gomes, gari da Emlurb. A cachorrinha (que tem dono) parece gostar mais do amigo que escolheu por conta própria do que o que lhe acolheu desde bebê. Todos os dias, ela chega cedinho ao ponto de encontro de garis que trabalham na limpeza do Açude. Tudo para esperar Djalma, com quem passa o dia passeando de barco, enquanto o trabalhador vai colhendo vegetação excessiva (baronesas) e detritos que flutuam no espelho d´água. Pois não é que Rex pegou Princesa…. Esperta, ela conseguiu se desvencilhar do inimigo, mas ainda ostenta a parte sem pelagem, onde ficou a cicatriz deixada pela mordida do jacaré. Ela já está bem, passeando de canoa de novo. E Rex continua visitando Dona Noêmia.
Não se mirem, no entanto, na história de Dona Noêmia. Ela e Rex são um caso à parte. Se você avistar algum jacaré em área urbana por perto, acione o Cipoma, o Corpo de Bombeiros ou a Cprh, no 193. Não mexa com o animal. É arriscado. E maltratá-lo é crime (Lei 9.605/1998).
Veja o vídeo produzido pelo Cineclube Luila e Pretinha, sobre a amizade de Dona Noêmia com o jacaré do Açude de Apipucos:
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Letícia Lins e Andréa Almeida
Vídeo: Andréa Almeida (imagens e edição), Adriana Bezerra e José de Albuquerque (produção) / Luila e Pretinha Cineclube