Embora a situação das ruas do Recife – no que se refere à preservação do nosso verde – seja de desolação, há iniciativas privadas em defesa das árvores que merecem registro no Dia a elas dedicado em nossa cidade. Vou citar apenas três, que me chamam a atenção. O primeiro fica na Galeria Hora Center, na Rua da Hora. Com 26 lojas, o centro comercial preservou uma mangueira, cujas frutas caíam sobre os carros no estacionamento. Ao invés da solução mais simples – erradicar a árvore para não incomodar os clientes – os proprietários colocaram uma tela de 570 metros quadrados, para proteger os automóveis.
“Nossa preocupação foi preservar as fruteiras que, no passado, pertenceram aos quintais das casas do meu pai e do meu avô”, afirma Walter Turton Ferreira, um dos proprietários da Hora Center. “A solução não foi muito barata, mas ficamos muito satisfeitos”, conta ele. O estacionamento possui vagas para 42 carros, e dezoito ficam sob a copa da frondosa árvore. Agora não tem mais chance das mangas provocarem prejuízos à lataria dos carros alii parados. Na verdade, o pequeno shopping foi construído nos quintais das residências que a família ocupou por três gerações. Mas houve esforço para preservação das fruteiras que faziam a festa da meninada da família.
![](https://oxerecife.com.br/wp-content/uploads/2017/09/mangueirafuturo.jpg)
“Além desse pé de manga espada, ficaram no terreno um jambeiro, uma mangueira (rosa) e um caramboleira. Temos, também, plantas ornamentais. Infelizmente o pé de manga rosa adoeceu e não houve esforço que a fizesse salvar”, diz. Outro caso interessante fica no número 50 da Rua Paulino Gomes de Souza, no bairro das Graças, esquina com Rua do Futuro. Ao ser construído, o Edifício Leonardo Priori ganhou recortes na alta parede que o separa de uma galeria comercial (número 479), na Rua do Futuro.
A árvore, apesar da imponência, não despertou temor entre os construtores. Ao contrário, eles aproveitaram a sua copa para sombrear o pátio do prédio e da galeria vizinha. Na esquina da Avenida Rosa e Silva com a Rua Santos Dumont, o Condomínio Banguê também preserva os carros no seu estacionamento com uma imensa rede de proteção. Outro caso interessante é o da Praça do Arsenal, onde uma escultura de Ferro alinhou uma árvore, cujo tronco estava inclinado. Assim, a árvore foi poupada da ação da motosserra insana.
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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife