Nesses dias de lançamento do Mapa Cultural de Pernambuco, nada como lembrar de grupos distantes, que atuam quase anonimamente, no meio da caatinga. Vou falar de um grupo sertanejo. Folguedo cada dia mais raro no Recife – só aparece nas festas populares do ciclo natalino – o reisado foi uma das principais atrações da cerimônia de encerramento da Terceira Feira de Empreendedorismo de Afogados de Ingazeira, cidade a 386 quilômetros do Recife. Estive lá para o lançamento do livro Memórias Afetivas, de Fátima Brasileiro.
Como sempre gostei de manifestações de rua – pastoris, reisados, maracatus, blocos de frevo – é claro que não perdi oportunidade de assistir à apresentação do Reisado de Santo Antônio 2, que sobrevive na área rural daquele município sertanejo. Normalmente os reisados se apresentam em grupos grandes. O de Afogados chegou em versão reduzida, e também deu uma “enxugada” no desenrolar da encenação que, pela tradição, cumpriria (pelo menos) nove etapas, que vão da abrição de portas (início do espetáculo), passam por louvações do Divino, para chegar, finalmente, ao encerramento da função.
Mesmo assim, com apresentação tão reduzida, valeu a pena ver um grupo de humildes lavradores, com suas roupas brilhantes, fazendo tanto esforço para manter vivas as tradições folclóricas. No final, a pressa terminou valendo, porque o grupo não cansou a plateia com jornada extensa. Até porque o encerramento da festa ainda teria discurso de prefeito e outras autoridades, e também apresentação de desfile de moda, que logo abordarei aqui no #OxeRecife. Foi a primeira vez que vi uma passarela, animada por uma banda de pífanos. Achei dez. Estive em Afogados de Ingazeira e Carnaíba, percorrendo as “memórias afetivas” ao vivo, do livro que seria lançado no final de semana.
Confira agora o vídeo do Reisado de Santo Antônio, que gravei na noite do último sábado:
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Texto, foto e vídeo: Letícia Lins / #OxeRecife