Postal virou peça de museu

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Pergunte a um filho ou neto seu se sabe o que é cartão postal. Já fiz essa indagação a algumas crianças, e elas não sabiam. Nestes tempos de redes sociais e de comunicações cada vez mais virtuais, o postal quase perdeu o sentido de ser. Você lembra, por exemplo, a última vez que enviou um postal para um amigo ou parente? Deve fazer um tempo grande. Mas até o século passado eles funcionavam como mensagens de amor, davam notícias de viagens e mostravam a quem ficou como eram as cidades distantes visitadas.

Hoje os postais viraram peças de museu e até assunto de trabalhos acadêmicos. Há alguns anos, o Centro Cultural dos Correios fez uma exposição com postais antigos, e foi um sucesso estrondoso aqui no Recife. Crianças e adolescentes se mostravam deslumbrados com os cartões. Os adultos, também. Eu, inclusive. Há instituições, como o Instituto Ricardo Brennand, que possuem esses cartões em seus acervos. E são muito importantes, pois nos mostram como eram as nossas cidades. No caso do Irb são nada menos de 1.192, datados dos séculos 19 e 20. Que retratam cenas urbanas do Recife entre 1890 e 1930.

A Rua Marquês de Olinda do século passado, bem diferente do que vemos hoje: trilhos de bonde no Recife Antigo.

Os postais, aliás, são o tema do Peça a Peça, atividade realizada mensalmente no Irb e que acontece no último sábado de cada mês. O Peça a Peça além de possibilitar aos visitantes o conhecimento melhor do acervo, trabalha uma temática diferente a cada mês.  Pode ser uma escultura, um livro, uma arma, uma tapeçaria. Na edição do dia 28, os postais serão o assunto da discussão em torno do tema O Recife boêmio do início do século 20.  Sim, porque as ruas neles retratadas, eram o centro da boemia que nossos avós tão bem conheceram. Foi aliás, a tradição boêmia do bairro do Recife que evitou que ele se acabasse, com a linda simetria dos seus prédios.

A “zona” não era bem vista pelas imobiliárias, que não procuravam o bairro para construir seus arranha-céus. Foi o que salvou um dos mais bonitos recantos do Recife, felizmente preservado. Não tanto quanto deveria, mas não tão descaracterizado como Boa Viagem e trechos da Rua da Aurora, por exemplo.  As paisagens escolhidas para o debate são três: Praça da Independência (Café Chile), Fábrica Lafayette (Café Continental) e ainda a Avenida Marquês de Olinda (Chantecler e Moulin Rouge). Os dois últimos foram prostíbulos famosos do Recife. Mas oito postais do acervo mostrando o Recife Antigo ficarão em exposição.   A programação tem início às 15h, com apresentação de música do violonista Jardel de Souza. Àd 15h30, haverá leitura de obra com o historiador e educador André Hélio. Por fim, às 16h, haverá oficina de art postal, na qual as pessoas aprenderão as técnicas utilizadas para a confecção desses cartões, hoje tão importantes para a nossa história.

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Serviço:
Instituto Ricardo Brennand – Alameda Antônio Brennand, Várzea.
Funcionamento: De terça a domingo
Horário: Das 13h às 17h
Entrada: R$ 25,00 (inteira) e R$ 12,00 (meia entrada – para pessoas com deficiência, estudantes, professores e idosos acima de 60 anos mediante documentação comprobatória).
Crianças até 7 anos não pagam
Informações: 2121.0352 /0365

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Acervo do Irb / Divulgação

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