Dom Paulo Jackson Nóbrega de Souza: “Arquidiocese de Olinda e Recife, minha esposa amada”

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“Recebi  a novidade como  um homem de Igreja que sou, pois é um pedido da Igreja e do Espírito Santo e que com obediência eclesial acolho. A Arquidiocese de Olinda e Recife é  minha esposa amada, prometo amá-la com toda a minha força”. Foi assim que Dom Paulo Jackson Nóbrega de Souza  referiu-se à missão que vai enfrentar, após ter sido nomeado pelo Papa Francisco como o novo Arcebispo do Recife e Olinda, em substituição a Dom Fernando Saburido, que completou idade para passar para a aposentadoria.

Ele destacou a “reconciliação” e a “sinodalidade” (o caminho que Deus espera da Igreja no terceiro milênio) como alguns dos pilares de sua nova caminhada. Dom Paulo Jackson, que é o segundo vice-presidente da CNBB,  atualmente responde pela Diocese de Garanhuns, que é formada por 26 municípios e 37 paróquias. A partir de 13 de agosto, quando deverá tomar posse à frente da Arquidiocese, ele responderá por 19 municípios, pelo Arquipélago de Fernando de Noronha e mais de 150 paróquias, com “rebanho” estimado em 4 milhões de pessoas.

“É uma diocese histórica, a segunda do Brasil, se considerarmos que a Diocese de Olinda foi criada no mesmo ano que a Diocese do Rio de Janeiro, com toda a complexidade das grandes cidades. Chego com espírito de sinodalidade e humildade contando com a colaboração de todos”, disse hoje. Conclamou a Arquidiocese a “vivermos esse belo momento de reconciliação, caminhando como Igreja Sínodo, com o objetivo comum que é evangelizar”. O novo Arcebispo vai encontrar a Igreja em situação mais confortável do que enfrentada pelo seu antecessor, Fernando Saburido. Em 2009, ao assumir a Arquidiocese de Olinda e Recife, ele teve que juntar os estilhaços da herança deixada por Dom José Cardoso Sobrinho, que administrou a cúria metropolitana entre 1985 e 2009.

Dom Dedé, como era mais conhecido, substituiu Dom Hélder, que passou 21 anos à frente da instituição, onde chegou em 1964, quando o Brasil vivia mergulhando em uma ditadura. Eram tempos obscuros, quando o Brasil vivia longe do estado de direito, e os inimigos do regime eram sequestrados, torturados e assassinados nas masmorras do regime. O Dom da Paz marcou sua presença pela luta em defesa dos direitos humanos, das comunidades eclesiais de base, pela teologia da libertação, motivo pelo qual passou a ser chamado de o “bispo vermelho” e a ser perseguido pelos militares que comandavam o  país.

Era da ala mais progressista da Igreja Católica. Ao lhe substituir, Dom José, conservador, deu início a uma verdadeira “Inquisição” perseguindo e demitindo todos os padres que seguiam as lições de Dom Hélder. A diáspora terminou gerando uma crise sem precedentes na igreja católica em Pernambuco e o desmantelo de todo o trabalho que havia sido organizado por Dom Hélder. Por esse motivo, a chegada de Dom Fernando foi recebida como uma nova era pela comunidade católica em Pernambuco. Sua posse foi marcada até por comemorações profanas, pois um verdadeiro carnaval tomou conta das ruas do Recife, com presença até de bonecos gigantes e orquestras de frevo nas ruas. Sua chegada foi vista como um caminho para a conciliação daquela que havia sido antes uma das mais atuantes arquidioceses do país. Discreto, ele fez um bonito trabalho religioso, social e – o mais importante – conseguiu estabelecer a paz da comunidade católica, cujas fraturas estavam expostas, no início de sua gestão.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Divulgação / Arquidiocese de Olinda e Recife

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