Como vocês percebem essa paisagem da foto parece um areal. Fica em Maranguape 1, Paulista. E está difícil, a situação da Mata Atlântica, no município, localizado a 15 quilômetros do Recife, e antes tido como um dos mais verdes da Região Metropolitana. Áreas remanescentes ainda sobrevivem em bairros como Jaguarana, Paratibe, Janga, Mirueira, entre outros. O problema é que, a cada dia, torna-se mais crítica a situação do que restou daquele importante bioma, mais e mais agredido por conta da desenfreada especulação imobiliária que vem tomando conta da cidade.
Já estive por três vezes em Paulista, por pedidos de moradores do município, enviados ao #OxeRecife, já que uma das veias do Blog é justamente a defesa da natureza, com enfoque especial na sobrevivência das árvores e dos animais. Colhi depoimentos de moradores de áreas próximas à Mata do Janga, cuja destruição tem levado animais silvestres a invadirem residências urbanas. Nesta semana, estive na Agência Estadual do Meio Ambiente (Cprh), onde soube de pelo menos quatro embargos a empreendimentos localizados em Paulista, por desrespeito ou irregularidades quanto à legislação ambiental.
De acordo com o Chefe do Setor de Fiscalização Florestal da Cprh, Thiago Costa, há quatro processos de embargo por questões ambientais em Paulista. Ficam na Mata do Ronca ( Parque Mirabilândia), Mata de Mané Pá (loteamento onde o #OxeRecife já esteve antes), Mata de Jaguarana (extração mineral) e Apa Aldeia-Beberibe (desmatamento ilegal). No primeiro caso, de acordo com a Cprh, autorização só pode ser feita pelo Estado, porque a área pretendida pelo Mirabilândia pega mais de um município. Na questão de Mané Pá – onde antes havia abundância de paus-de-jangada – a Prefeitura autorizou a supressão, mas conforme a Cprh, esta também teria que ser autorizada pelo Estado. Na Jaguarana, o desmatamento foi embargado por que é área de preservação de Mata Atlântica.
E quanto à Apa Aldeia-Beberibe, a área é de proteção ambiental, e por esse motivo, há uma série de restrições de uso. O desmatamento e a extração mineral foram autorizados pela Prefeitura, e por esse motivo tanto o “empreendedor” quanto a Prefeitura foram multados, de acordo com a Cprh. Afirma o Secretário de Infraestrutura, Serviços Públicos e Meio Ambiente de Paulista, Leslie Tavares, que só autoriza a supressão “em áreas privadas ou degradadas” e que “60 por cento do território do município ainda é de áreas verdes”. O problema, no entanto, é que estão sumindo em ritmo acelerado. “O que é mata, estamos reflorestando e recuperado. O que é área degradada, está sendo destinado a bairros arborizados, sustentáveis e planejados”, assegura o Secretário. A previsão, pelas autoridades locais, é que Paulista possa ter mais 70 mil habitantes em cinco anos. “Se não fizermos bairros planejados, a situação vai ficar igual à do Cabo de Santo Agostinho, que é caótica, diz Leslie. A olhos nus, no entanto, a situação parece preocupante. Porque devastação é só o que se vê no município.
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Texto e foto: Letícia Lins / #OxeRecife