Tristeza, hoje, com a partida do amigo Marcelo Varela. Destaque, no Recife, pela sua luta em defesa da cultura popular. E responsável, também, pelo ressurgimento de eventos que estiveram esquecidos, com manifestações isoladas em alguns bairros, e que ele conseguiu rearticular os grupos e trazer e volta às ruas do Recife. Um destes é a Procissão dos Santos Juninos (foto acima), que a Fundação de Cultura da Cidade do Recife promove anualmente no mês de junho. O cortejo – quadrilhas, blocos, bacamarteiros, cirandeiros – sai sempre do Morro da Conceição e termina no Sítio Trindade. Uma bela festa que nem todos os recifenses conheciam, que não teve o brilho de sempre nos dois últimos anos, devido à pandemia. Também lutou pela criação de blocos líricos, que tanto encanto dão ao carnaval do Recife.
Com relação à Procissão dos Santos Juninos, Marcelo Varella era o seu maior incentivador. Na última edição do evento, a então Presidente da Fundação de Cultura do Recife, Leda Alves, chegou a elogiar publicamente o seu empenho para a realização da Procissão dos Santos Juninos, uma das mais bonitas manifestações do mês de junho em Pernambuco. Marcelo vinha apresentando problemas de saúde desde 2019 até ser atacado por um câncer, que piorou muito o seu estado de saúde. Terminou partindo depois de muita luta e sofrimento contra o avanço da doença. Eu o conheci no século passado, quando integramos a equipe da TV Globo no Recife. Desde então, nos tornamos amigos. Era uma pessoa muito querida pelos colegas de trabalho.

Marcelo graduou-se em jornalismo, tendo atuado nos principais veículos da cidade, como a extinta Rede Tupi, a TV Jornal, a TV Globo Nordeste e a Rádio Globo. Mas não demorou em optar pela luta em defesa da cultura popular, sua verdadeira paixão. Foi um dos fundadores do Bloco da Saudade e do Aurora do Amor, era membro da Comissão Pernambucana de Folclore, diretor do Banhistas do Pina e compositor do Galo da Madrugada.
Segundo a Secretaria de Cultura do Recife – à qual serviu por tanto tempo – “era um carnavalesco por vocação, jornalista e servidor público com várias décadas de atuação incansável a serviço da cultura do Recife, desde 1979”. Nascido na Boa Vista, criou-se no Bairro de São José, “embalado pelo Frevo”, já que o bairro é o de maior tradição carnavalesca da cidade. Junto ao pai, João Rodrigues Varella, criou amor pelo carnaval, quando o acompanhava,ainda criança, à frente de clubes e blocos famosos, como Pão Duro, Vassourinhas e Batutas de São José.
Sagrou-se ainda compositor de frevos, tendo vencido importantes concursos, como o Frevança e o Recifrevo. Varella transformou a cultura em ofício e missão, a que se dedicou diariamente. Mesmo quando a saúde passou a exigir restrições, ele seguiu na luta de sempre, deixando uma obra presente e, agora, uma grande lacuna na Cultura recifense. “O amor de Marcelo pela Cultura não tinha limites, não havia impedimentos capazes de tolher sua criatividade, sua vibração, sua entrega ao fazer cultural”, afirma o Secretário de Cultura do Recife, Ricardo Melo.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Acervo #OxeRecife e Redes sociais