Cultura “roída” pelo coronavírus

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Além do fantasma da fome – que ronda, principalmente aquelas pessoas que trabalham na informalidade – o coronavírus está nos deixando, também, famintos de cultura. É que com a pandemia e restrições a reuniões de com mais de 50 pessoas, ficamos sem acesso a cinemas, teatros, shows musicais por um tempo que até quando não sabemos definir. O que estava programado foi tudo cancelado. Desde shows de figurões nacionais – como Ney Matogrosso (que adiou sua apresentação programada para 4 de abril para 2 de outubro) – até apresentações teatrais de grupos do Recife ou do interior.

Uma das mais icônicas lojas do Recife, a Passa Disco (dedicada exclusivamente à música brasileira) acaba de anunciar que a partir de hoje (19) fecha as portas por tempo indeterminado. “Se cuidem, pensem no próximo e escutem música, para colocar essa tristeza para lá”. Informa o proprietário, Fábio Cabral de Melo, que a loja atenderá no período pelo site www.passadisco.com.br. Reaberto logo após o carnaval – depois de reforma – o Casarão Magiluth, que fica na Rua da Glória, suspendeu toda a programação, incluindo a Mostra Rosa dos Ventres, que se prolongaria até o próximo dia 28, dentro das comemorações do mês de março, dedicado à mulher.  Os que fazem o Magiluth publicaram um apelo:

Se você comprou ingressos de espetáculos de outros grupos que foram adiados, por favor aguarde nova data, em vez de pedir reembolso.

Outro apelo semelhante foi feito pelo Centro de Criação Galpão das Artes (foto), que faz um belíssimo trabalho de valorização e popularização da arte em Limoeiro, a 77 quilômetros do Recife. Com todos os eventos suspensos – cursos, apresentações teatrais, viagens – o premiado grupo postou um apelo dramático em suas redes sociais.  Ele diz o seguinte:

Nós, da categoria artística, estamos prestes a entrarmos em uma crise financeira (maior do que a que já se encontra), entre outras crises emocionais, existenciais. Na política atual, sem eventos, não temos como pagar as contas e sobreviver. Então, por empatia, considere não pedir reembolso de ingressos já comprados.

O Galpão das Artes tinha viagem programada para o Rio de Janeiro, onde encenaria O Peru do Cão Coxo. E o Coordenador do Grupo, Fábio André de Andrade e Silva, divulgou uma carta para instituições culturais e para a população:

Contratantes, considerem adiar e firmar compromissos e parcerias. Pensemos em alternativas, pensando em trabalhadores e trabalhadoras que estão no risco financeiro diretamente. Temos que estar em união. Apoie artistas. Pensem nas obras de arte (filmes, músicas, teatro, livros entre outros) que transformam nossos dias possíveis de suportar. (…) Também somos trabalhadores, temos família e lar para sustentar e nas próximas semanas muitos e muitas ficarão sem renda. Pensem nisso.

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Texto: Letícia Lins/ #OxeRecife
Foto: Galpão das Artes / Divulgação

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