“Crise hídrica” na conta de energia, e excesso de chuva no Sertão

Dá para entender? Tanta água no Rio São Francisco, inclusive destruindo os campos de fruticultura irrigada – como em Petrolina (PE) e Juazeiro (BA) – e o consumidor pagando contas astronômicas de energia,  por conta da crise hídrica.  Breve, vai pagar mais também pelo consumo de frutas, já que as águas vêm  provocando prejuízos nas fazendas de manga e uvas do Sertão, onde o excesso de chuvas (300 mm em algumas localidades) já provoca prejuízos de R$ 60 milhões, com a perda de cerca de 15 mil toneladas de frutas. Aí, já viu, segundo a lei da oferta e da demanda….

“Escassez de água” eleva conta de energia, mas no Sertão o que se vê é inundação nos campos de fruticultura.

De acordo com os produtores da região, o excesso de chuva provocou perdas de  10 mil toneladas de  mangas (R$ 27 milhões), enquanto a safra de uva teve baixa de 20 mil toneladas ( R$ 33 milhões). Conhecido como a “Califórnia brasileira” devido à cultura de frutas para exportação, o Vale do São Francisco produz anualmente 1 milhão de toneladas de frutas, sendo que 80 por cento são mangas e uvas de mesa. A atividade gera 100 mil empregos diretos e movimenta por ano  U$$ 420 milhões, somando o mercado interno e o externo. A fruticultura no Sertão ensolarado é desenvolvida com irrigação a partir do leito generoso do Velho Chico.

Só em Petrolina – a 769 quilômetros do Recife – são 2 mil produtores, que afirmam que as águas invadiram os pomares justamente no período de floração. O problema é que o excesso d´água compromete o desenvolvimento  vegetativo das plantas, dificulta a fecundação, causa aborto das flores e, no final da maturação, provocam ruptura e podridão nas bagas. Há, ainda, um outro problema, segundo Flávio Diniz, Gerente Executivo do Sindicato de Produtores Rurais de Petrolina. ” O  período chuvoso também aumenta a incidência de doenças agressivas – como bactérias e fungos – que por conta do excesso de umidade danificam a casca e causam a queda dos frutos”. No Sertão da fruticultura irrigada, o  maior patrimônio da agricultura é justamente o sol.  O excesso de chuvas aumenta até os custos da produção, segundo revelam empresários do setor.

Há mais gastos com mão de obra  defensivos agrícolas, e até mesmo com reparos de máquinas que quebram em atoleiros ou por encharcamento (foto vertical).  Difícil, não é? Conta de energia alta, com bandeira vermelha, devido à “crise hídrica”.  E seca no Sul do país e excesso de chuva no Sertão, terra de tantas estiagens.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Divulgação

 

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