Introduzir espécies invasoras é sempre um risco para a flora ou para a fauna nativas. Onde quer que seja. Algumas são invasoras demais. E terminam por prejudicar os biomas locais. No Sertão, tivemos a Algaroba atrapalhando a vegetação da caatinga. No Parque Estadual de Dois Irmãos, no Recife, há o exemplo do bambu, cuja expansão inibe o crescimento de árvores nativas da Mata Atlântica. Na fauna, há o caso típico das garça vaqueira, que veio da África. Apesar de linda e da leveza do seu voo, a espécie já andou provocando alguns estragos, inclusive no Arquipélago de Fernando de Noronha. Sem os predadores de seu continente de origem, elas proliferaram e já são até consideradas pragas em algumas regiões do Brasil. Quando isso ocorre em ambiente marinho, o controle fica ainda mais complicado. E o Litoral de Pernambuco está com problemão: o Coral-sol.
O Coral-Sol é originário do Oceano Pacífico Sul. A espécie exótica-invasora foi encontrada em que prembarcações submersas na costa do Estado. E ameaça os corais pernambucanos. Agora, a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade está recebendo propostas para o Plano de Controle e Monitoramento do Coral-sol no Litoral Continental e Oceânico de Pernambuco. A iniciativa é mais do que necessária. Afinal, temos que preservar nossos corais, que são tão importantes para a vida marinha quanto as florestas tropicais para o ambiente terrestre. O Coral-sol já foi encontrado nos naufrágios Walsa (afundado em 2009) e nas embarcações Bellatrix, São José, Phonix e Virgo (afundadas em 2017). Além de propostas para o Plano de Controle e Monitoramento daquela espécie, a Semas também colhe sugestões para a minuta do Decreto Estadual que propõe ações de prevenção, erradicação, controle e monitoramento de espécies exóticas e invasoras. Os documentos estão abertos ao público e podem ser consultados no site da Semas (www.semas.pe.gov.br). Já as sugestões da sociedade devem ser enviadas até o dia 09 de outubro para o email: sustentabilidade.clima@semas.pe.gov.br
O Plano de Ação e o Decreto têm o objetivo de garantir a conservação da biodiversidade nativa, a manutenção da pesca e do turismo locais, que correm o risco de serem prejudicados pela proliferação do Coral-sol. Os documentos dando conta do fenômeno que preocupa as autoridades e cientistas foram elaborados numa iniciativa conjunta da Semas com a Agência Estadual de Meio Ambiente (Cprh), equipes da Superintendência de meio ambiente do Arquipélago de Fernando de Noronha, professores e pesquisadores das Universidades de Pernambuco (UPE) Federal (UFPE), Federal Rural (UFRPE). Além da equipe do Projeto Conservação Recifal (PCR), uma organização não governamental (ONG) que realiza projetos para garantir a preservação dos recifes de corais em todo o Nordeste do país. O plano traz uma série de medidas, estando dividido em cinco etapas: Diagnóstico; Remoção; Monitoramento; Comunicação e Normas.
Entre outras ações previstas, estão: 28 campanhas de mergulho para conhecer a exata distribuição da espécie nos diversos ambientes marinhos do Estado, incluindo Fernando de Noronha, além de treinamento das técnicas adequadas para a remoção das colônias nos naufrágios e nos recifes de corais. Também está prevista a capacitação de equipes de voluntários e mergulhadores. Já o Decreto vai estabelecer regras legais para a preservação da biodiversidade marinha na zona costeira de Pernambuco e de Fernando de Noronha. O documento traz direcionamentos mais amplos a serem usados no enfrentamento não só do Coral-sol, como também de outras espécies invasoras que venham a ser encontradas na costa do Estado. Já o Decreto vai estabelecer regras legais para a preservação da biodiversidade marinha na zona costeira de Pernambuco e de Fernando de Noronha. O documento traz direcionamentos mais amplos a serem usados no enfrentamento não só do Coral-sol, como também de outras espécies invasoras que venha a ser encontrada na costa do Estado. “A preservação da biodiversidade é uma questão primordial. Por isso, estamos agindo desde a primeira identificação do Coral-sol em nosso litoral, ocorrida em fevereiro deste ano”, afirma José Bertotti, Secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco. “Devido ao impacto que essa espécie pode provocar nos nossos recifes de corais, a Câmara Técnica de Compensação Ambiental da CPRH já aprovou recursos da compensação para se realizar as ações mais urgentes”
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Serviço
O que: Semas recebe contribuições da sociedade civil para plano de combate à coral invasor
Quando: Até 09 de outubro de 2020, pelo e-mail: sustentabilidade.clima@semas.pe.gov.br
Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Pedro Henrique Pereira (Ong PCR), Clemente Coelho (UPE), Múcio Banja (IATI/UPE)/ Fotos cedidas pela Semas-PE