Conhecendo a Mata Atlântica

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Tido como um dos biomas mais ricos do mundo, a Floresta Atlântica só fez minguar no Brasil. Ao longo dos séculos, perdeu mais de 90 por cento de sua área original de 1.315.460 quilômetros quadrados. Hoje, a espessa massa verde do passado está reduzida a apenas 102.601 quilômetros quadrados no país. Dizem os estudiosos que, do que resta, só há oito por cento em bom estado. Em muitas regiões, o que sobrou está fragmentado. No Recife, a situação só não é pior, devido um decreto de 2012 que permitiu a ampliação da Unidade de Conservação de Dois Irmãos, que possui 1.158 hectares. É o Parque Estadual de Dois Irmãos, no qual está inserido o zoológico, na Zona Norte do Recife.

Foi por lá que andei no último fim de semana, acompanhando uma das Caminhadas Domingueiras, lideradas por Francisco Cunha. Uma delícia sentir o aroma, o silêncio e o calor da mata. Nós nos encontramos por volta de oito da manhã na Praça Faria Neves, de onde fomos em um grupo grande, para o Horto, onde fizemos uma trilha até o Açude do Prata. E depois, por terras da Universidade Federal Rural de Pernambuco, fomos por outra trilha até o Córrego da Fortuna. Para nós, que vivemos em perímetro urbano, não deixa de ser encantador andar pelo meio de árvores seculares, de espécies inclusive ameaçadas de extinção. Em alguns locais, a passagem entre as árvores é tão estreita, que tivemos que fazer o percurso em fila indiana. Há árvores cujos dosséis chegam a 20 metros de altura.

O calor era intenso, mas valeu a pena. Pesquisas efetuadas no local, mostram que a mata concentra pelo menos 170 espécies vegetais terrestres, cinco das quais ameaçadas de extinção, como é o caso da sapucarana. Entre as aquáticas, há 48. Domingo, estavam floridas as ninfeias dos açudes. De acordo, ainda com documentos sobre o Pedi, a fauna local inclui  no mínimo 570 espécies. Entre borboletas (251), anfíbios (42), répteis (25), aves (199), mamíferos (53). Entre estes, encontram-se os morcegos (23 espécies), que desempenham grande papel na distribuição de sementes. Isso sem falar em animais locais e exóticos que encontram-se confinados no Zoológico. Segundo o Diretor, George do Rego Barros, eles somam 488 indivíduos, de 122 espécies para o visitante ver: de arara a gavião, de lontra a urso, de urso a hipopótamo, de jabutis a jacarés.

O Plano de Manejo do Pedi indica problemas grandes para a manutenção do espaço. Entre eles: a falta de cerca delimitando a área do Parque, ausência de plano para recuperação de áreas degradadas, falta de mobilidade para a captação de recursos, comércio desordenado na entrada do Zoológico. Em compensação, proíbe parcelamento do parque para fins urbanos, desmatamento, uso de fogo e extração mineral. Proibe, ainda, entrada de armas de fogo, uso de bebida alcoólica, presença de bichos domésticos. E, muito bom: impede a entrada de aparelhagem de som, sobrando para os visitantes o saudável canto dos pássaros. Bem que essa proibição podia valer, também, na praia. Onde uma boa fiscalizaão impediria o que ocorre hoje, quando tem banhista que é “varrido” da areia pelo desconforto da poluição sonora que, muitas vezes, o impede  até mesmo de ouvir o barulho  gostoso das ondas do mar.

Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife

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