Com triste história, Sena comemora aniversário como o chimpazé mais idoso no Brasil: 66 anos

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Como os humanos, os animais também apresentam sinais de envelhecimento. Até mesmo nas expressões da face, na pelagem. Tive um gato persa que até os bigodes ficaram brancos, e que foi ficando com poucos pelos ao envelhecer. Você olha um chimpanzé (“Pan troglodytes”) e percebe logo se é bebê, criança ou adolescente. As redes sociais estão cheias deles, inclusive vivendo em ambiente doméstico, o que é um absurdo. E ao observá-los, só vemos jovens ou bebês. Raros são os anciões, como Sena, o primata da foto acima. Ele é uma das principais atrações do zoológico que funciona no interior do Parque Estadual de Dois Irmãos, no Recife. Sena completa 66 anos na sexta-feira (18/8) e é considerado o chimpanzé mais idoso do Brasil. “E talvez do mundo, já que os indivíduos da mesma espécie que integravam o Guinness Book pela idade faleceram recentemente”.

Pelo menos, é o que assegura a Secretaria do Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco (SemasPE) com base em informações da Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil (AZAB). A Semas é responsável pelo PEDI e, portanto, pelo bem estar dos animais que lá habitam. Conforme os especialistas, um chimpazé tem expectativa de vida entre 32 e 35 anos, seja em cativeiro e na vida selvagem (na África, onde ocorre a espécie, que já foi abundante no Continente, onde não restam mais de 150 mil). Por ser um animal dócil e de fácil interação com os humanos, chimpanzés são muito visados pelo tráfico de animais silvestres. Sena tem uma história triste. Passou anos sendo explorado no picadeiro, mas o dono do circo que era também proprietário do animal, se recusava a cuidar da saúde do animal, quando ele adoeceu. Ou seja, explorou o animal até não poder mais, porém quando ele precisou de ajuda… nem pensar.

Sena é um dos animais mais longevos do Parque Dois Irmãos. Chegou aos 15 anos no zoo, após o dono do circo se recusar a cuidar dele, ao perceber que o animal apresentava problemas dentários. Como, aliás, já aconteceu a outros animais ali abrigados, como o leão Léo (já falecido), que lá chegou com as garras arrancadas. Uma violência contra o animal, que lembra a prática usada por torturadores, nas masmorras da ditadura, quando os inimigos do regime implantado em 1964 chegavam a ter as unhas arrancadas a cru. O chimpanzé foi prontamente recebido pelo diretor do parque na época e atendido por dentista que cuidava de humanos. Ainda bem… Forte, nunca mais apresentou nenhum problema grave de saúde e se integrou perfeitamente à vida no zoo, após anos “trabalhando” de graça no circo. Fernanda Justino, bióloga e gerente técnica do Parque Dois Irmãos, explicou que ele é um animal condicionado e acostumado com a rotina. Permite, sem grandes problemas, que a equipe realize procedimentos necessários, como cortes de unha e aplicação de colírio. “É um animal muito querido por nós e muito respeitado, assim como os outros animais do zoo. Entre suas principais características, não gosta de barulho, por isso pedimos silêncio nas proximidades do recinto”, afirmou Fernanda. Deve ser trauma dos tempos no circo em que passou boa parte da vida,ouvindo indesejáveis gritarias do público.

O Parque convida a todos a participar das atividades em homenagem a Sena. Para comemorar o aniversário, o PEDI preparou programação especial para ele e para os visitantes, entre 9h e 16h da sexta-feira. Pela manhã, haverá o parabéns e a entrega de um delicioso bolo de banana, aveia e canela – mas sem açúcar – e uma oferta especial de comida na caixa de presente do chimpanzé. Haja festa. Na parte da tarde, ocorre o Zoo Bastidores, ocasião em que será apresentado o processo de preparo da bandeja alimentar de Sena. Durante todo o dia, os visitantes também poderão observar a oferta de picolé de frutas a um dos primatas mais queridos do zoo. Para a comemoração de aniversário, haverá dois polos com atividades infantis. O fixo, no polo de Educação Ambiental (na área do antigo restaurante), vai contar com um Tabuleiro Ecofauna, um fantoche da história de Sena, uma cama de gato (salvando o chimpanzé), circuito salve a floresta, dança das perguntas e diversas pinturas. Já o polo itinerante (móvel), que ficará próximo ao recinto de Sena, contemplará atividades como pinturas, jogo da memória, contação de história para conhecê-lo, jogo das argolas, caça-palavras, jogo “como eu sou?” e quebra-cabeça. Para encerrar, a programação ainda prevê uma caça ao tesouro pelo parque.

Mesmo as pessoas leigas conseguem perceber se um chimpanzé é idoso como Sena ou jovem como esse, do Zoo do RJ

Abaixo, você confere mais informações sobre primatas e sobre outros mamíferos do zoo, em Dois Irmãos.

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Tarciso Augusto/Com Semas-PE.

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