Cineasta luta pela sede de Aurora Filmes

Desde 2015, a cineasta Sandra Ribeiro mantém uma organização não governamental – a ong Aurora Filmes – em um velho casarão, que fica no número 987 da Rua da Aurora, no bairro de Santo Amaro. Ali, ela ensina a arte de filmar a crianças e adolescentes de escolas públicas do Recife. O imóvel, que pertenceu à sua família, foi construído no século 19, em estilo português. No passado, tinha até um muro colado a um arco da Travessa do Costa. Naquela época, os arcos eram muito comuns na paisagem urbana, mas foram sendo destruídos com o avanço da modernidade.

Em exposição recente sobre “O Recife através dos tempos”,  na Caixa Econômica Cultural, vários deles podem ser observados nas ruas e pontes do centro da cidade, embora tenham desaparecido ao longo das décadas. De acordo com Sandra, o imóvel foi comprado pelos seus avós, em 1930, e a fachada ainda é a mesma daquela época. O problema, conforme a cineasta, é que o Tribunal de Contas do Estado doou um terreno vizinho à casa, para a construção da sede de Associação de Auditores Fiscais de Pernambuco.

Cineasta teme que alunos de cinema de escolas públicas sejam prejudicados.
Cineasta teme que alunos de cinema provenientes de escolas públicas sejam prejudicados com construção de prédio.

Informa que projeto apresentado pela entidade e arquitetos indica a construção de um edifício moderno, conjugado ao casarão, que não suportaria o peso da nova edificação. “A ong tem 30 alunos por turno, professores, coordenadores, estagiários. Ou seja, todos correm risco de morte, a casa pode  cair e matar a todos nós”, informa. Ela diz que já fez inclusive essa colocação para Andréa Maria Coelho, então Presidente da Associação. De acordo com Sandra, a resposta foi a seguinte: “O problema é seu”. Além de cursos gratuitos na área de audiovisual para formação profissional de jovens carentes, o casarão sedia, também, um cineclube do Ministério da Cultura.

Ela tenta tombar o imóvel, junto aos órgãos competentes, mas até o momento não conseguiu concretizar a iniciativa. “A casa tem potencial para tombamento como patrimônio histórico material e imaterial, tendo em vista que foi construída no século 19, mais precisamente no ano de 1855”, afirma Sandra. O casarão é grafitado pelo artista plástico Galo de Souza. Sandra diz que a pressão para construção do edifício da Associação começou em 2016. No imóvel já funcionou uma entidade presidida pelo falecido filósofo Pessoa de Morais, e que o casarão chegou a ser frequentado pelo jornalista Mário Melo, que dá nome a uma avenida próxima ao local. O #OxeRecife ligou para o  atual Presidente da Associação, Fábio Lyra, mas o telefone estava na caixa postal.

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Divulgação / Aurora Filmes

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